A ESCULTURA DE JESUS SEM-TETO: O presente do Papa para o Brasil e a crítica social por trás da mesma
E aí meus urbanistas, vocês pensam a cidade para as pessoas? Mas para todas as pessoas mesmo? De diferentes classes e (in)capacidades individuais?
Pensar no coletivo pode ser uma tarefa muito fácil pra alguns, e ao mesmo tempo um tanto difícil para outros, principalmente quando se trata do espaço público. Na individualidade das nossas experiências fica delicado percebermos as necessidades de um local, se não vemos e nem usamos aquele espaço da mesma maneira que outras pessoas que dependem e fazem uso, mas, é preciso e inevitável para um bom planejamento de um espaço público, nos perguntarmos “E se fosse pra mim…” “E se eu tivesse essa dificuldade…” “E se eu fosse morador de rua…” “E se eu precisasse dormir nesse banco” “E se Jesus fosse mendigo…” Opa, “Esse Jesus fosse mendigo”?
Independente da religião, ou da não religião e o ateísmo presente em muitas pessoas, o “tratar bem” e o “querer bem” ao próximo é um dos mandamentos de uma boa vida, ou até mesmo uma vida mais “humana”. Se colocar no lugar do outro pra tentarmos entender suas necessidades e dificuldades é o exercício mais comum pra que esse resultado seja alcançado.
O Papa Francisco presenteou ao Brasil, mais precisamente para a Arquidiocese do Rio de Janeiro uma escultura titulada “Jesus sem-teto”. A obra é de autoria do canadense e artista Timothy Schmalz, que em sua genialidade e com uma crítica social gritante representou um mendigo em escala humana deitado em um banco de praça, porém coberto por um cobertor deixando à mostra apenas pés com as marcas dos pregos da cruz. A Estátua foi inaugurada dia 18.11 na Catedral do Rio de Janeiro com a celebração da segunda edição do Dia Mundial dos Pobres.
A crítica social presente na obra faz com que percebamos, ou pelo menos nos questionemos no “pensar” para as outras pessoas, no bem-estar do outro mesmo que o Outro não esteja/seja tão presente em nossa “realidade” quanto indivíduo.
Pensar em uma sociedade mais igualitária para todos é algo tão correto que até parece inexplicável a necessidade de explicar, já que parece tão óbvio o Ser humano SER HUMANO.
E cá estamos nós, como arquitetos e urbanistas pensando a cidade, planejando os espaços e interferindo na vida de tantas pessoas. E que sejam tantas também as perguntas e questionamentos quanto ao nosso dever como profissionais capacitados e como agentes (comuns) da sociedade.
E aí? Você pensa a cidade para todas as Pessoas?