Burle Marx no paisagismo moderno brasileiro
Já tínhamos comentado um pouco sobre o paisagismo moderno brasileiro, onde a Jade Maranhão explicou melhor as etapas do movimento modernista no paisagismo, mas agora eu gostaria falar um pouco mais sobre Roberto Burle Marx e sua atuação nessa época de grandes mudanças na paisagem urbana brasileira.
O acervo das obras de Roberto Burle Marx no Brasil é bastante vasto e para isso ele aproveitava de sua característica mais forte que era utilizar plantas locais em suas criações, respeitando a vegetação e agregando melhor suas obras à paisagem já existente. Suas pesquisas no campo da botânica o nortearam muito cedo para a necessidade de uma consciência ecológica e ambiental. Essa consciência e a sua abrangente atuação profissional fizeram dele um dos paisagistas mais importantes do século XX.
Para Burle Marx a diversidade ecológica que varia de região para região e que possuem volumes, texturas e colorações diferentes são de extrema relevância na construção de um projeto de paisagismo. “Harmonizar a ação humana com a natural, planejar cada interferência, deverá ser uma preocupação constante, principalmente quando os meios tecnológicos aumentam tanto a nossa capacidade de transformação brusca da paisagem” (MARX, 2004, p. 131).
Dentre suas obras pelo país a Residência Olivo Gomes, em São José dos Campos (São Paulo) é um exemplo que mostra a diferença entre se inspirar no estilo de paisagens estrangeiras e querer implantar numa região uma espécie que não tem condições de manter seu porte num ambiente tão diferente. No caso foram aplicados alguns conceitos existentes nas antigas vilas renascentistas como os jatos verticais, partindo de uma ilha, fazem contraponto com a tranquilidade da superfície do espelho d’água.
De acordo com o arquiteto e paisagista “os criadores de jardins na Itália renascentista não se preocupavam apenas em trazer água e luz para lugares inesperados, mas no novo e maravilhoso material versátil que podia inovar e enriquecer a paisagem” (MARX, 2004, p.53).
O Instituto de Resseguros do Brasil no Rio de Janeiro também se destaca já que, apesar das pequenas dimensões, representa muito bem uma composição complexa, juntando elementos como água, grama e caminhos, e fazendo esses se articularem em diversas formas.
Podemos apenas tentar chegar a certos princípios trabalhando por instinto ou raciocínio, com imaginação e intuição. Podemos aceitar da história as convenções sem nos prender por eles; da natureza aceitamos suas leis e sugestões (MARX, 2004, p.63).
Na Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte – Minas Gerais, Burle Marx usa uma planta estrangeira bem característica das paisagens coloniais do Brasil, já que essa, assim como outras árvores, era convergente com as de uso indígena.
Além das obras citadas existem muitas outras com a mesma relevância para estudo já que o repertório do arquiteto e urbanista Roberto Burle Marx é muito abrangente e variado, inclusive no nordeste em cidades como Recife, Fortaleza, onde apesar de receber as influências modernistas tardiamente tem grande importância na composição de suas obras.
Bibliografia
Marx, R. B. (2004). Roberto Burle Marx – Arte & Paisagem. São Paulo: Nobel.