Mas quem é Athos Bulcão?
Há alguns dias atrás me senti compelida a falar de Aldemir Martins pois me incomoda muito que ele não seja tão conhecido entre seus conterrâneos como eu acredito que ele deva ser. E o mesmo sentimento tomou cota quando, no ano e mês do centenário de Athos Bulcão não estou vendo blogs, sites ou instagram de arquitetura falando sobre ele. Como assim minha gente?! Esse erro não será cometido pelo Batente.
Pra começar, ele foi o primeiro (talvez o único?) brasileiro a integrar arte e arquitetura usando azulejos como suporte fazendo de Brasília um museu de arte a céu aberto. Ele queria que sua obra fosse parte estrutural do edifício, não só um ornamento. Sua obra PRECISA estar ali, é protagonista.
Ele foi um carioca que chegou a cursar medicina, mas se encontrou mesmo foi nas artes. Passou a colaborar com Oscar Niemeyer em 1955 fazendo parte do processo de construção de Brasília, e é considerado um dos quatro pais da cidade junto com o próprio Oscar, Burle Marx e Lúcio Costa. Foi o único que de fato mourou lá mudando-se em 1958, fez obras com João Filgueiras Lima, e morreu no Hospital Sarah Kubitschek em Brasília aos 90 anos de idade.
A obra de Athos Bulcão, é marcado pela característica urbana usando painéis e azulejos em muros, paredes, empenas e outros elementos que trouxesse suas formas para perto do pedestre. Através do abstracionismo geométrico ele conseguiu com que a sua arte, através do azulejo como base, transcendesse o confinamento de galerias para ganhar as ruas. São poucas cores, poucos traços, mas com identidade e beleza que consegue fazer parte do meio em que se encontra.
Athos é popular em Brasília pois seus azulejos fazem parte do lugar. Mas sua importância não se restringe só aquela cidade, é imprescindível dentro da história da nossa arquitetura. Então estudar arquitetura e não conhecer esse cara está, a partir de agora, proibido.