Norma de Desempenho, por que veio e como está?
A implementação da norma de desempenho foi um grande avanço para a qualidade das edificações. Mas por que ela surgiu e o qual o seu futuro?

É bastante comum em outras áreas, que não a arquitetura, ouvirmos falar de desempenho. Na hora de comprar um carro, por exemplo, é levado em consideração “quantos quilômetros se faz com um litro”. Comprar um eletrodoméstico é praticamente impossível sem antes consultar em qual categoria de eficiência energética ele se encontra.

Mas na construção civil, o que garante o bom funcionamento das edificações?

Sem entrar muito no assunto das certificações, é preciso entender o que aconteceu com a construção civil para que, em determinado momento, precisássemos de uma norma que definisse parâmetros mínimos para um uso razoável.
Autores como Emery e Rheingantz, argumentam que os arquitetos acabam privilegiando a visão em detrimento aos demais sentidos. A preocupação, via de regra, se dá com a qualidade estética, com apelo visual de formas, cores e volumes das edificações que produzem um prazer sensorial nas pessoas, sendo os demais sentidos deixados à margem. A questão do mau desempenho não está restrita apenas às questões projetuais. Já em relação à estrutura, o novo uso de materiais e tecnologias que priorizavam velocidade na execução e baixo custo, ganharam bastante força no período de pós-guerra, já que a necessidade de uma rápida reconstrução das cidades devastadas e uma grande escassez de mão de obra eram urgente. As construções deste período demonstraram mais tarde que era importante e necessário o conhecimento de seu desempenho ao longo do tempo. Foi então que, em 1962, surgiu pela primeira vez conceito de desempenho na construção civil.

Aqui no Brasil o conceito de desempenho, de um modo geral, vinha sendo aprimorado desde a década de 70, mas com alto crescimento daquela época que davam margem para técnicas construtivas inovadoras dentro da construção civil não permitiam um cenário favorável para a consolidação do tema.

Os primeiros trabalhos relativos ao desempenho das edificações foram desenvolvidos pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) por encomenda do BNH (Banco Nacional de Habitação) em 1981, e foram elaborados diversos textos normativos contendo os critérios mínimos de desempenho para aplicação de sistemas construtivos, que visavam estabelecer procedimentos de avaliação estrutural, segurança ao fogo, estanqueidade à água, confortos térmico e acústico e durabilidade.

Recentemente, com o avanço que houve de programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida, trouxe consigo novamente o debate sobre a qualidade destas edificações. A norma brasileira de desempenho, NBR 15575, que teve seu início de desenvolvimento nos anos 2000, finalmente entrou em vigor a partir de julho de 2013 com o objetivo garantir aos usuários das edificações requisitos de segurança, sendo ela estrutural, contra o fogo e no uso e operação do edifício; habitabilidade, com ênfase na estanqueidade, desempenhos térmico, acústico e alumínio, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico e; sustentabilidade, que leva em consideração a durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental das construções.

Atualmente a norma de Desempenho passa por revisão e, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, CBIC, projetistas, construtoras e especialistas já possuem consenso em relação algumas questões da norma, e atuam com propostas bem objetivas nas mudanças que se apontam necessárias.
Viver com dignidade é um direito de todos, quem sabe num futuro próximo não estaremos comprando casas avaliando seu desempenho como fazemos com carros?

 

Baixe aqui o documento “Análise dos Critérios de Atendimento à Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575”

 

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Referências

BORGES, C. A. O conceito de desempenho de edificações e sua importância para o setor da construção civil no Brasil. São Paulo: Escola Politécnica Universidade de São Paulo, 2008

EMERY, O., e Paulo A. RHEINGANTZ. “Saber ouvir a arquitetura (O ouvido do arquiteto).” III Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído. Gramado, 1995

CBIC inicia estudo técnico para subsidiar a revisão da Norma de Desempenho

 

Como Citar essa Matéria
SOUZA, Tiago. Norma de Desempenho, por que veio e como está? Projeto Batente, Fortaleza - CE, 4 de março de 2020. Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/norma-de-desempenho-por-que-veio-e-como-esta/>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Tiago Souza
Arquiteto e Urbanista
Graduado em Arquitetura e Urbanismo e mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará.
Sócio do escritório Arqtech Brasil, o que mais gosta de projetar são casas pois é, para ele, a ligação mais direta com o cotidiano das pessoas. Perceber a individualidade de cada um, o faz crer, cada vez mais, que arquitetura é, quase parafraseando o livro de Jan Gehl, para pessoas.

Tiago Souza

Graduado em Arquitetura e Urbanismo e mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará. Sócio do escritório Arqtech Brasil, o que mais gosta de projetar são casas pois é, para ele, a ligação mais direta com o cotidiano das pessoas. Perceber a individualidade de cada um, o faz crer, cada vez mais, que arquitetura é, quase parafraseando o livro de Jan Gehl, para pessoas.

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