Peixe morto na praia: o problema das “mulheres na arquitetura” A complexa sobreposição de questões raciais e de gênero na prática arquitetônica
Meu interesse pelas questões de gênero, dentro e fora da arquitetura, não é segredo. Por conta disso busco muitas referências e leituras sobre o assunto. E em uma dessas buscas me deparei com o Matri-Archi, que é um coletivo interseccional que reúne as mulheres para capacitar e desenvolver as cidades africanas e a educação espacial. Lá eu vi esse artigo, e é sobre ele que vou falar rapidinho aqui.
Nesse artigo, omens brancos já estão há um bom tempo sentados na areia macia. Os homens negros estão ali, sentados na água, segundo a autora “ainda tem o privilégio de respirar ar fresco enquanto seus pés permanecem encharcados“. Depois viemos nós, mulheres brancas, nadando sem descanso nem conseguir encostar o pé no chão. E, só depois, estão as mulheres negras, “afogadas nas profundezas dos oceanos“. Às vezes, em uma rara ocasião, uma mulher negra chega à praia e, quando chega lá, é chocante para todos, inclusive ela.
Quantas arquitetas negras você conhece?
Quantas meninas negras estudaram com você?
Quantas professoras negras você teve?!
Algo muito forte que
A arquitetura é percebida como um neutro ideal, o que não é. O que não falta são dados para mostrar que há desigualdade de gênero entre arquitetos e arquitetas.
desequilíbrio racial e de gênero palpável na profissão. Na verdade, uma rápida zapeada no Arch Daily já consegue provar isso.“Mulheres na arquitetura” NÃO é um grupo homogêneo. É preciso sim bater na tecla que há diferenças históricas entre homens e mulheres. Mesmo quando há algumas como Jane Jacobs, Lina Bo Bardi e Eve Ensler, e outras poucas mulheres (brancas) solteiras que chegam às prateleiras da história isso não quer dizer que as oportunidades são as mesmas. Quer dizer que em um universo onde 67% das profissionais são mulheres (pelo menos aqui no Brasil), ter só alguns destaques femininos não é o suficiente. Retrospectivamente, se a profissão continuar com essa tendência, o registro arquitetônico continuará sendo um espaço definido por homens brancos.
Todos temos o direito de respirar na nossa praia.
Não deixem de ler o artigo original, mesmo que seja ligando o tradutor do Google.
Como Citar essa Matéria
MARANHÃO, Jade. Peixe morto na praia: o problema das “mulheres na arquitetura”. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 25 de setembro de 2019. Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/peixe-morto-na-praia-o-problema-das-mulheres-na-arquitetura. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]