Uma arquitetura deficiente A população global possui aproximadamente 15% de pessoas com deficiências
Nestes últimos dias tive a oportunidade de acompanhar o Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura e Urbanismo com o tema “Arquitetura Sensorial” (TCC – TATO, Centro Cultural Sensorial para Deficientes Visuais – Lilian Lima).
O mais instigante foi conhecer os dados sociais expostos, o que nos traz uma importante reflexão sobre nossa formação acadêmica e o quanto esta formação se remete de forma tímida à inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência. A aprendizagem acadêmica neste sentido se resume principalmente em normatizações, como da NBR 9050 de 2004 (que já disponibilizamos o download aqui), uma percepção possivelmente ultrapassada e inegavelmente restrita daqueles que convivem com uma deficiência, não os enxergando como potenciais consumidores dos produtos arquitetônicos que tanto poderiam os auxiliar no dia a dia.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2018), a população global possui aproximadamente 15% de pessoas com deficiências, das quais estão incluídas as deficiências de caráter físico, motor, visual, auditivo e intelectual.
No Brasil temos aproximadamente 45 milhões de pessoas com deficiências e particularmente em nosso país o enfrentamento às barreiras impostas por estas condições se tornam mais difíceis, por diversos fatores como a desigualdade social, econômica e a consequente dificuldade de acesso aos serviços de saúde pública.
Na cidade de Fortaleza-CE, temos cerca de 54.882 de pessoas com algum tipo de deficiência, conforme o SNIG – Sistema nacional de Informação Geográfica, 2010. A Consultoria Vertigius para o Plano Fortaleza 2040, ao estudar os hábitos de cultura e lazer dos habitantes da cidade, demostrou que 79,5% dos entrevistados identificaram falta de equipamentos de cultura e lazer em seus bairros, sendo que, dos 61 equipamentos culturais distribuídos por Fortaleza, somente 21 tem algum tipo de acessibilidade para deficientes em geral.
Diante do exposto, é importante refletirmos se não estamos trilhando nossa formação acadêmica excessivamente para o aspecto visual e suas várias técnicas de representações artísticas e esquecendo o principal personagem do nosso produto final, o usuário, com suas inúmeras demandas para estímulos externos e internos e necessidades de experiências gustativas, olfativas, auditivas e visuais.