Vídeo: Cartas Urbanas – Episódio 01
A série Cartas urbanas, que foi produzido pelo coletivo Nigeria e que relata a vida dos moradores da cidade de Fortaleza – Ceará, começa exatamente no ponto crítico que é a segregação urbana, onde a classe A tem direito a cidade, e a população precária nem infraestrutura tem.
Nesse vídeo onde retrata o episódio 01: Comunidade em ruinas, vemos o sofrimento e dificuldade da população que morou a vida inteira em um lugar. No vídeo vemos gerações de uma comunidade precisar dar lugar à uma obra que estava parada até então o que acabou mudando pessoas que tinham seus sustentos, trabalhos, lazeres, e famílias consolidadas naquele espaço para lugares distantes afim de favorecer a rota do VLT (veículo leve sobre trilhos) do Mucuripe até a Parangaba.
Esse projeto veio visando a melhoria da locomoção e para melhor atender os turistas que iriam vir para a Copa do Mundo de 2014, porém acabou causando muitas perdas e remoções de famílias, além do impacto ambiental para quem ainda vive lá pelo fato de ainda existir entulhos e poluição que não era solucionado já que as obras tinham sido paralisadas.
Boa parte do vídeo apresenta relatos de quem mora, ou de quem morou nessa comunidade e um dos comentários marcantes desses moradores foi o desejo de serem realocados para um lugar próximo para que não fossem tão prejudicados. Entretanto, com a falta de ZEIS em locais centrais na cidade Fortaleza e com programas de Habitação Social sendo implantadas nas periferias, a realidade é que a população que não tem condições de pagar pelo valor do terreno irão ser locados em áreas muito distantes ou até fora da cidade.
CARTAS URBANAS EP. 01 – Comunidade em Ruínas from Nigéria on Vimeo.
Um principal ponto crítico que o vídeo mostra é que para o poder público, em um pensamento retrógado, a desapropriação de moradores das favelas é o único meio para se conseguir terra e isso não é só um problema de espaço físico, mas social também. Remover uma população para poder “maquiar” a cidade com uma obra que tinha a prioridade de atender os turistas não mostra que é desenvolvida e rica, mas reforça a ideia de como aquele que não possui renda suficiente não merece uma cidade formal.