Arte e Política
Possibilidades de diálogo e conscientização na contemporaneidade

Ao longo do percurso histórico da humanidade a arte e a política sempre estiveram juntas. Desde a antiguidade, a arte retrata as culturas e sociedades que se formaram e registra até hoje as inquietações existentes no nosso cotidiano com o objetivo de causar reflexão por suas diferentes linguagens estéticas, políticas e afins, portanto é mais do que natural e essencial criar possibilidades de relacionar esses valores.

Segundo o pesquisador Marcos Mouren, na arte ocidental, muitos artistas foram patrocinados pelos nobres e pela igreja com a finalidade de registrar e imortalizar costumes e hábitos, mas por vezes, os artistas se viram coagidos a usar a sua imaginação para retratar fatos que não foram verídicos ou que eram apenas meias verdades. A obra de arte nos conta uma verdade que se mistura com o interesse político e institucional daqueles que fomentavam o trabalho dos pintores e já serviu até para reestruturar o enfraquecimento da igreja católica depois da reforma protestante, durante a ascensão do estilo barroco, no século XVII e, ao mesmo tempo que ocorria a Contrarreforma.

Vocação de São Mateus (1600), do italiano Caravaggio, pintura barroca.

Hoje, muitos artistas se arriscam ao registrar fatos sem o julgamento do tempo, fazendo estas práticas poéticas e políticas imersas em um terreno arenoso e ao mesmo tempo instigante. Às vezes, trazem a abundância de referências e metáforas presente nas narrativas contemporâneas, possibilitando debates pós e contra, e fazendo da expressão um discurso fomentador do desenvolvimento social.

Obra soldado jogando flores do artista Banksy

Em síntese, toda arte é potencialmente política porque, para além de sua função estética e social, ela é a maior expressão de resistência, afeto, insubordinação e, em muitos casos, é a tomada de consciência de que as bandeiras partidárias são menos relevantes do que o ato de existir em sociedade e nela insistir nas revoluções diárias.

Às vezes, os amores, os instintos e a inscrição do instante, se tornam declarações políticas. Cabe aos artistas o registro sensível desses “agoras” e aos historiadores o permanente reexame dessas proposições.

Alecsandra Oliveira

 

Fotografia: Autor Desconhecido

REFERÊNCIA

OLIVEIRA, Alecsandra. Arte e Política, eterna questão. Jornal da USP, São Paulo, 12 de Fevereiro de 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/artigos/arte-e-politica-eterna-questao/>. Acesso em: 08 de outubro de 2019.

 

Como Citar essa Matéria
DIEGO, Francisco. Arte e Política. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 21 de outubro de 2019. Arte e Design. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/arte-e-politica/>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]

 

Francisco Diego
Arquiteto e Urbanista
Arquiteto Urbanista membro do Estúdio Andar Plural, com profunda admiração pelo urbanismo em sua explosão de sentidos e afetos. Também é artista plástico e desenhista autodidata desde os 12 anos de idade com diversas experimentações artísticas, como colagens, pinturas e reutilização de fragmentos, e busca na teoria da arte-educação o caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Francisco Diego

Arquiteto Urbanista membro do Estúdio Andar Plural, com profunda admiração pelo urbanismo em sua explosão de sentidos e afetos. Também é artista plástico e desenhista autodidata desde os 12 anos de idade com diversas experimentações artísticas, como colagens, pinturas e reutilização de fragmentos, e busca na teoria da arte-educação o caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional.

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