GTA: San Andreas na visão de um estudante de arquitetura
Uma interpretação de um estudante de arquitetura sobre cidades virtuais interativas.

Numa situação de pandemia que pegou absolutamente todos de surpresa, tive uma conversa interessante com alguns amigos nas nossas chamadas online, e decidimos fazer algo diferente do costume: cada um de nós ia assistir ao outro terminar um jogo completo, e o meu encontro de jogo foi com um game popular chamado Grand Theft Auto: San Andres (GTA:SA), e escolhi esse por duas grandes razões: O primeiro pelos meus amigos que falavam sobre GTA: SA de uma tal forma que me fez dar uma chance ao jogo e olhar novamente sem preconceitos, dessa vez mais maduro; o segundo motivo vem de diversas pessoas falando que a Arquitetura e Urbanismo de GTA: SA era incrível e muito fiel à realidade, mas que coincidentemente não se tinha estudos, não tinha importância nem divulgação em meios acadêmicos e os elementos que mais conheciam eram de crianças jogando GTA: SA de uma forma bem superficial. Mas do que se trata realmente GTA: SA?

Las Venturas.

Grand Theft Auto é uma franquia da antiga conhecida DMA Design, hoje conhecida com Rockstar North, foi fundada em 1987 na Escócia por estudantes de computação, para produzir e publicar jogos. A DMA Design sempre se interessou em fazer algumas coisas fora do comum, como pegar elementos da realidade e misturar com a fantasia sem limites do mundo do entretenimento. Já em 2001, com a experiência de mais de uma década de produção do mundo do entretenimento interativo, foi lançado um jogo que mudaria como as pessoas olham para ambientes considerados “mundo aberto” (Onde você é mais livre para interagir com o cenário do jogo sem restrição de objetivos): Grand Theft Auto III (GTAIII). GTAIII se trata do controle de uma pessoa em uma ilha diretamente inspirada em Nova York do ano 2000, chamada de Liberty City. Era, em prática, a primeira grande cidade interativa, com carros, pedestres, policiais, taxistas, diversas fachadas, sinais, rádios, trânsito, crime… Uma cidade completamente interativa, com diversos prêmios, mas mesmo assim não sendo muito reconhecido para profissionais na área de Arquitetura.

 

Carl Johnson.

 

Em específico, eu gostaria de falar sobre o GTA: SA, onde se passa num conjunto de três cidades diretamente inspirada de Los Angeles, São Francisco e Las Vegas em 1992, da infame década de abuso policial contra negros – fato que, infelizmente, não mudou com os anos. Nesse jogo, você toma controle de Carl Johnson, filho de traficante que decide voltar para o seu antigo bairro quando descobre que sua mãe morre. Logo após sua chegada em Los Santos, ocorre de um policial negro simplesmente lhe abusar, roubando seu dinheiro e o jogando em um beco agressivamente. Após o acontecido, você é guiado a pegar uma bicicleta e ir para onde o seu antigo bairro com os antigos amigos lhe esperam por lá.

No decorrer da história, você é um criminoso que saí por aí explorando a cidade e fazendo favores para outras pessoas, como pichar muros com o nome da sua gangue, roubar caderno de ideias de pessoas famosas ou simplesmente ter que fazer trabalho sujo ao comando de policiais corruptos. Ao decorrer da história, você é forçado a sair do seu lar confortável com seus antigos amigos e conhecer novas pessoas em novas cidades, como um cego que consegue dirigir sem problemas, um agente secreto que sempre te observa, um hippie, um hispânico bom de negócios… E tudo isso ao mesmo tem que você conhece novas cidades, com novos prédios e novas paletas de cores, e foi ai que eu percebi.

San Fierro.

 

Grand Theft Auto: San Andreas se trata de um personagem simples e carismático, que não tem medo de sujar suas mãos para conseguir cumprir seu objetivo, ao mesmo tempo andando pela ilha de San Andreas e conhecendo pessoas durante suas novas descobertas. GTA: SA é sobre o melhor e o pior que o mundo tem a oferecer. É o conjunto de Arquitetos, Urbanistas, Políticos, Pessoas, todos se interagindo e fazendo o seu nome dentro daquela cidade. É sobre você ter um mundo e fazer algo nele, igual às pessoas que construíram a cidade onde pisamos. Assim como podemos aprender com as nossas cidades, pode-se aprender com cidades fictícias que são diretamente inspiradas em situações reais. É sobre você ter acesso a uma realidade que nunca chegou a você. É sobre partes da cidade que você nunca viu, e como as pessoas se relacionam com novas partes de uma cidade.

GTA é um grande exemplo de um mundo de Hollywood que você pode explorar e conhecer novos elementos dentro da cidade, com uma modelação bem feita, cidades extremamente bem planejadas e densas (em alguns casos, até mais bem planejado que a realidade) e um mundo a se explorar com as pessoas que você conhece através dos seus objetivos. Acredito que a franquia tem muito a oferecer, tanto quanto arquitetos e urbanistas famosos. A indústria do entretenimento já a reconhece, mas ainda falta o meio acadêmico e arquitetos se interessarem.

Como Citar essa Matéria
CRUSH, Anderson. GTA: San Andreas na visão de um estudante de arquitetura. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 1 de junho de 2020. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/gta-san-andreas-na-visao-de-um-estudante-de-arquitetura>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Anderson Crush
Estudante de Arquitetura
Sou um estudante de arquitetura no meio de um mundo em constante mudança; Acredito que todas as artes estão ligadas de certa forma. Apaixonado por música e jogos desde pequeno, estive sempre ao lado da arte, e quero retribuir o que a arte fez comigo.

Anderson Crush

Sou um estudante de arquitetura no meio de um mundo em constante mudança; Acredito que todas as artes estão ligadas de certa forma. Apaixonado por música e jogos desde pequeno, estive sempre ao lado da arte, e quero retribuir o que a arte fez comigo.

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