Dilemas de um Curador

Vamos refletir sobre as atribuições do curador no Brasil, a partir da ótica da formação dos acervos museológicos e as formas de aquisição do acervo público, principalmente as doações e as ações de formação de público. 

O primeiro entendimento é que para a formação de um curador no Brasil tem-se que “aprender na prática e se confrontar com dilemas políticos, econômicos e mesmo morais”. Atravessando por “(…) dificuldades, adversidades e problemas que se colocam de forma cada vez mais avassaladora para tal profissional. ”  (SCOVINO, 2018, p.30)

Uma das dificuldades para exercer o ofício é a escassa bibliografia sobre a temática e a ínfima quantidade de editoras destinadas à publicação de livros sobre arte. A ausência de uma bibliografia especializada, no idioma natal, dificulta a construção do pensamento crítico acerca do papel do curador.  Estamos vivendo um momento em que essa carência passa a ser atenuada com as pesquisas independentes e as publicações em meio virtual.

Outro fator é a limitação histórica da maioria dos acervos públicos que costumam estar concentradas no período de formação da coleção. A falta de amplitude dos acervos impacta diretamente nas pesquisas artísticas. 

Temos como exemplo o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) que tiveram o seu acervo inicial formado por coleções particulares; a Coleção João Sattamini com obras dos movimentos Concretista, Neoconcretista e pinturas da década de 1980 e a Coleção Gilberto Chateaubriand, composta por obras-primas do movimento Moderno e da arte brasileira produzida nas décadas de 1960 e 1970, respectivamente.

Outra dificuldade é a falta de um sistema online integrado de catalogação de acervos para que o público tenha acesso a informações. Essas adversidades acabam por repercutir na política pública de aquisição e manutenção deste patrimônio artístico, observando-se que a ampliação dos acervos públicos conta muitas vezes com as doações de colecionadores.

Esses fatos trazem à tona outro ponto de fragilidade: como os artistas podem expor o seu trabalho em instituições públicas? Um dos caminhos é a participação através de editais de exposição ou de aquisição de obras; doação do próprio artista ou eventualmente, a doação de obras pelas galerias, com a intenção de valorização mercadológica deste artista. 

O curador tem um papel importantíssimo nesse sistema, que é o de possibilitar novas formas de aproximação do público com a arte, rompendo barreiras das adversidades e dificuldades que a profissão encontra. Além de fortalecer os conceitos de uma obra de arte e viabilizar uma melhor fruição na apreciação das mesmas, proporcionando 7ao público uma vivência cultural, emocional, histórica e artística.

Referência

SCOVINO, Felipe. Anotações e dilemas de um curador no Brasil. ARS, [S. l.], ano 2006, v. 19, p. 29-41

Como Citar essa Matéria

DALL'OLLIO, Andréa. Dilemas de um Curador . Projeto Batente, Fortaleza - CE, 6 de maio de 2021. Arte e Design. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/dilemas-de-um-curador>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Andréa Dall’Ollio
Arquiteta e Urbanista
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFC, em 2001 e Mestre em Ciências da Cidade pela Unifor em 2019. Desde então, trabalho em escritório próprio, desenvolvendo projetos de arquitetura e design e há 05 anos tive a coragem de me assumir como artista visual.
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Andréa Dall’Ollio

Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFC, em 2001 e Mestre em Ciências da Cidade pela Unifor em 2019. Desde então, trabalho em escritório próprio, desenvolvendo projetos de arquitetura e design e há 05 anos tive a coragem de me assumir como artista visual.

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