Arte por Artista Uma reflexão do artista sobre a sua arte.
É a partir da reflexão sobre o papel do artista no mundo, sobre o que é ser e porque ser artista, sobre a valorização da arte e sobre o fazer artístico que surge o meu desejo de criar espaços para que o artista fale de sua arte, do seu ofício, suas crenças e como utiliza-se dado vocabulário visual para dialogar com o público.
Faço uso dessa coluna como um prelúdio de diálogos sobre as artes visuais cearenses. Adiante teremos os artistas Érico Gondim, Marco Ribeiro, Sandra Montenegro, Totonho Laprovitera, Túlio Paracampos e Vitória Marques expressando sobre as suas artes.
Érico Gondim
O artista Érico Gondim é um incansável observador para aquilo que às vezes possa nos passar despercebido aos olhos. Tem um fascínio pelas experimentações e expressões da materialidade, de processos manuais e artesanais que nos apresenta em volumetria, em textura e ressonância representada em escultura, através da fotografia e do objeto. Se aventura em novas técnicas e materiais a cada trabalho que realiza, mas procura comungar sempre com a interatividade visual e tátil, a repetição, o ritmo e a visceralidade. Sua linguagem em sua maioria é tridimensional e tem o propósito de achar o “belo” nas estruturas e em processos inusitados e inovadores.
Marco Ribeiro
No decurso de minha atividade artística, tenho operado com, entre outros recursos, uma leitura particular dos produtos desenvolvidos pela arquitetura modernista brasileira, em especial na sua perspectiva brutalista. Busco gestos heterogêneos que sensibilizem a geometria bruta, resultem na sobreposição de realidades espaciais e simultaneidades que avaliem o sistema das permanências inerentes a tais formas, convidando-as à dissipação.
A intenção é construir peças que, apesar de aparentemente unilaterais, revelem-se dialéticas, propensas a devaneios, descontroles, quebras: desenhos com nanquim, esculturas em madeira e experimentações com cimento em compensado que estabeleçam alcance, a partir da experiência especulativa do espaço, provocando questionamentos entre fora e dentro, subjetividade e objetividade, visível e invisível. Minha intenção é instaurar as peças num regime de força e delicadeza, ofertar uma presença não linear e permitir ao espectador reviravoltas na maneira de fabular o espaço.
Trata-se de um conjunto cuja abstração e delírio tentam escapar de qualquer apreensão ligeira de significado, preocupando-se formalmente com a partilha de novas maneiras de estar junto a uma obra de arte: o espectador é deglutido pela paisagem tecida pela obra, seu corpo reverbera também a transitoriedade das linhas propostas. Não projeto para as obras qualquer designação de frieza, mas, ao contrário, que elas exalem calor, erotismo e intensidade: a matéria em êxtase.
Sandra Montenegro
Uma artista sempre em busca de se fazer inteira em suas obras.
” O artista, como Deus da criação permanece dentro, junto, atrás ou acima de sua obra, invisível, clarificado, fora da existência.” (James Joyce)
Totonho Laprovitera
Desenhando, pintando e escrevendo, minha sina tem sido uma viagem de contar histórias. E na vida, sempre busco seguir a seguinte reflexão: Deus é Pai, a Arte é Mãe, e assim somos irmãos para a prática do bem.
Túlio Paracampos
“A obra de arte é um resultado feliz de uma angústia continua.” (Carlos Drummond de Andrade)
Vitória Marques
Vitória Marques, Artista Visual, formada pela Universidade Integrada da Grande Fortaleza em 2004.
A partir daí, vejo na ARTE, suportes para trazer à tona percepções e fantasias em formas, as quais não seria capaz como ser humano. Gosto da citação de José Ortegas y Gasset :
“ Ser Artista é não levar a sério o homem tão sério que somos quando não somos Artistas”.
Incentivada, abracei linguagens como o Desenho, Pintura, Gravura e Escultura, que me levaram a Cursos, exposições (Nacionais e Internacionais); Gravura no acervo da Casa do Museu da Gravura, em Campos do Jordão/SP; Gravura na Embaixada do Brasil no Peru; na Coleção “Novos Olhares Para Monalisa”; acervos da Unifor; Iprede; Shopping Rio Mar entre outros.
A partir do meu ensejo que exista uma aproximação entre o público, a arte e o artista que planto essa semente de um movimento de diálogos e de vozes.
“Se você me perguntar o que eu vim fazer neste mundo, eu, um artista, te responderei: estou aqui para viver em voz alta.” (Émile Zola)
Como Citar essa Matéria
DALL'ÓLLIO, Andréa. Arte por Artista. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 29 de junho de 2020. Arte e Design. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/arte-por-artista>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]