Ciro Pirondi – O Percurso do Ensino da Arquitetura e urbanismo, e os novos caminhos possíveis.
No ultimo dia 04 desse mês tive a felicidade de assistir a Palestra O Percurso do Ensino da Arquitetura e urbanismo e os novos caminhos possíveis ministrada por Ciro Pirondi, arquiteto e Diretor da Escola da Cidade, o momento aconteceu durante o V Seminário de Arquitetura e Urbanismo da Unifor aqui em Fortaleza-Ceará e peço licença pois vou parafrasear algumas de suas palavras, afinal, o cara é realmente um Mestre. Aliás, vou pegar essa definição como nicho pra entrar nas minhas primeiras percepções e observações sobre a Palestra.
Vou fugir do padrão e começar pelo final, dissertando uma das últimas frases de seu discurso, que dizia “Conhecimento é Reconhecer o saber que sabe, e reconhecer o saber que não sabe”, é por aí que percebemos as diretivas que alinharam sua palestra. Ciro Pirondi papeou sobre a forma de ensino livre que compõe a escola da cidade e exemplificou na formação e no desenvolvimento diário da Escola a importância da inteligência coletiva.
Tendo em vista o que conhecemos sobre a Escola da Cidade, era ansiosamente esperado que ele incluísse em suas palavras a sua visão sobre a importância social do arquiteto como agente da sociedade, e os estudantes de arquitetura como aspirantes a agentes técnicos através da graduação, porém autores atemporais da sociedade sendo membros e responsáveis por seus atos e omissão de tais, já que “essencialmente a arquitetura é uma ação política”.
Continuando com o seu conselho “Leiam menos livros de arquitetura e mais livros de uma boa literatura” e sua definição de que arquitetura “é a arte de fronteiras que margeiam várias áreas” comprovamos de queixo caído o quão elogiável é a sua preocupação com a formação dos novos arquitetos além da qualificação técnica, mas com o reconhecimento social do ambiente em que se vive, e do compromisso à nós incumbido de construir uma sociedade melhor, e que entendamos que isso começa dentro da escola.
Sem sombra de dúvidas foi uma palestra incrível, uma noite muito feliz que me fez sair com a cabeça á mil e o rumo depois foi claro, parei no primeiro espetinho que encontrei, sentei pra tomar uma cerveja bem gelada, e lá estava eu, com meus pensamentos, papel e caneta escrevendo essa resenha pra vocês. E não paro de me fazer o questionamento que Ciro Pirondi fez a todos naquela noite: “Qual a vida que vocês querem ter?”, foi essa mesma pergunta, mas em outras palavras que me fez sair de minha cidade em busca de uma nova escola e de um novo ensino, é essa mesma indagação que vejo em muitos de meus colegas e amigos de faculdade, é o que nos leva a movimentar, a criar coletivos, a fazer, a construir, e a não temer. Não existe medo, não existe o porquê de não fazer, as assertivas da vida vêm com as tentativas, o que não vale é a gente deixar que a nossa esperança desapareça e isso não é mero romantismo que deixam os discursos mais bonitos, passa longe disso, isso é real e gritante, porque se isso acontecer… Estaremos todos ferrados.
Despeço-me agora de vocês com um breve até logo, e deixo abaixo mais algumas das frases que Ciro Pirondi discursou em sua palestra, e espero profundamente que o que me soou como musica aos ouvidos naquela noite, sirva hoje para limpar a “vista” de vocês diante de toda essa situação caótica em que vivemos, sintam-se abraçados e inspirados:
“O nosso objeto de estudo não é a arquitetura por ela mesma, que ela se esgota, é a arquitetura com razão na construção da civilização.”
“Acredite que é possível transformar a escola em que vocês estão naquilo que vocês acham que ela possa melhorar. A escola é feita de um binômio Professor-Aluno, não é feita de currículo, não é feita de programas.”
“O arquiteto não é um mágico que acorda toda manhã e pensa em formas mirabolantes como algumas que eu vi na praia, algumas chegam a dar aflição, é uma loucura isso, se a arquitetura for só um jogo de formas absurdas, nós estamos perdidos.”
“A arquitetura é um processo civilizatório, há uma responsabilidade social em tudo isso, e isso nasce dentro da escola.”
“O arquiteto é por natureza um homem de esperança, e tem de ser, quem não tem esperança dificilmente vai poder fazer alguma coisa.”
“Nós temos um comprometimento politico na nossa ação na sociedade como arquitetos, arquitetura não é moda elegante que a gente muda toda semana de cor ou de forma, arquitetura é uma responsabilidade imensa social, é uma beleza, é um ofício lindo.”
“Pra sociedade é mais importante um bom padeiro que um mau arquiteto.”