O mais importante não é a arquitetura A gente não vai resolver tudo com arquitetura. Arquitetura não é o início ou fim, é o meio.
Nós como arquitetos defendemos fielmente o poder da arquitetura na transformação da vida das pessoas e é isso que nos motiva e nos faz acreditar na importância da nossa profissão para a sociedade. Quando entramos no mercado da arquitetura, tornamos profissionais que almejam desesperadamente transformar ambientes, edificações e cidades, e isso acontece porque a gente sempre tende a colocar a arquitetura como premissa inicial e final para tudo que vamos fazer na vida como arquiteto. Porém, o que eu percebi ao longo do tempo, é que precisamos entender a arquitetura como um meio.
Hoje dentro do fluxo de projeto, uma das fases que mais me chamam atenção é a etapa que chamo de pós ocupação, que é quando observo o uso dos espaços projetados pelas as pessoas no dia a dia. A arquitetura é a casca, é o que nos protege, mas a gente vive no vazio, no que sobra do espaço, é onde estão as pessoas e é para elas que temos que estar atentos. É nesse momento, que podemos analisar e entender melhor os erros e acertos do projeto e confirmar a ideologia de que o mais importante não é o projeto, e sim a execução.
Por muito tempo, entendi a entrega do projeto como o ponto final do trabalho com o cliente. Esse estudo de observação pós obra não fazia parte do nosso fluxo de trabalho, hoje faz parte do entendimento do projeto em si, serve como referência para os próximos e faz você olhar mais para a relação das pessoas com o espaço, como deve ser. Além disso, é fundamental entender a arquitetura como uma interpretação e tradução do contexto de vida do cliente no projeto. Nós não fazemos o que o cliente quer, na maioria das vezes, o próprio cliente não sabe, nós fazemos o que acreditamos que irá solucionar e melhorar a vida dele.
No final das contas, o início é o que conseguimos absorver do cliente, o meio é como resolvemos a demanda e os problemas que ele precisa através da arquitetura e o fim é a concretização, é o que fica, a gente se vai, mas o espaço continua acompanhando de geração em geração e por mais que pareça que a arquitetura é o ponto chave do processo, sem contexto e história, ela não valeria nada. Já dizia o mestre Oscar Niemeyer… o mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.
