Eu confio, tu confias, ele confia… A confiança é um propósito pelo qual vale a pena lutar.
Confiança. O dicionário traduz como: Sentimento de quem confia, de quem acredita na sinceridade de algo ou de alguém. Crença na retidão moral, no caráter e na lealdade de uma outra pessoa.
“Eu confio em você. Confio no seu trabalho”.
Quem já ouviu esta frase de algum cliente sabe o imenso valor que ela tem. O sentimento citado é talvez o mais caro a ser conquistado em uma relação. No trabalho não poderia ser diferente. Aquele que desconsiderar a importância desta conquista trilhará com particular dificuldade seu caminho profissional.
Em essência confiamos, acreditamos, admiramos e respeitamos aquele ou aquilo que conhecemos. No âmbito profissional muito podemos fazer para que nosso trabalho seja “conhecido” e desperte o interesse de potenciais clientes. As mídias tem papel fundamental para esta tarefa, quase sempre encarada como um desafio comercial. Mas é preciso ir além, é preciso ser transparente, é preciso ser verdadeiro.
Os meandros e processos do dia a dia do arquiteto são desconhecidos do grande público, assim como em outras profissões. E não poderia ser diferente. Mostrar-se genuinamente não se trata apenas de expor croquis, referências, planilhas e cronogramas ou qualquer outro elemento do processo criativo, mas sim deixar absolutamente claro os valores de quem o faz.
O filósofo Mario Sergio Cortella no livro Por que fazemos o que fazemos? (1) nos convida a uma reflexão:
A ideia de consciência sobre os propósitos está ligada à noção de valores. Quais são os meus valores? O que eu acho que vale e o que eu acho que não vale? A minha vida valerá de que modo? É uma vida com ou sem valia? Que valia eu quero colocar nela? Para que serve essa vida? Qual é o meu papel dentro da estrutura em que atuo?
O campo ético é decisivo porque lida com os valores que me permitem ter uma conduta de vida. O propósito está conectado também a essa percepção.
Existem pessoas, no entanto, que podem ter maus propósitos. Apesar de possuírem uma ética maléfica, não deixam de ter valores e princípios de conduta.
Por isso, quem deseja uma vida decente precisa de valores e propósitos decentes, que não sejam destrutivos, autofágicos, degradantes. Bons propósitos são aqueles que elevam o indivíduo e a comunidade na qual está inserido.”
Podemos afirmar que todo arquiteto deseja conquistar a confiança de seus clientes e parceiros. Este é sem dúvidas um propósito pelo qual vale a pena lutar. Mas não esqueçamos que esta não pode ser uma luta de cunho individual. Enquanto categoria precisamos cativar a confiança da sociedade e reafirmar diariamente a relevância do ofício. Para tanto, não podemos desperdiçar as oportunidades de apresentar nossos verdadeiros valores. O que de fato nos importa, move e emociona, enquanto indivíduos que partilham um todo.
Lidamos com sonhos, expectativas e recurso alheio. Firmamos o compromisso de fazer o melhor dentro do contexto de cada projeto. Em qualquer trajetória encontramos obstáculos, vivemos dilemas, e temos dúvidas sobre o que fazer ou como agir.
Muitos são os cenários, as alternativas e as possibilidades de desatar os nós. Para cruzarmos este labirinto é preciso mirar no que importa, resgatar nossa essência e nos deixar guiar por nossos valores.
É preciso confiar em si.
(1)Cortella, Mario Sergio. Porque fazemos o que fazemos?: aflições vitais sobre trabalho, carreira e realização / Mário Sergio Cortella. – 1. Ed. – São Paulo: Planeta, 2016.
Como Citar essa Matéria
CANGA. Eu confio, tu confias, ele confia…. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 03 de agosto de 2020. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/eu-confio-tu-confias-ele-confia>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]