Faculdade de Arquitetura de Hogwarts  A grande poção de métodos e processos de arquitetura que a faculdade pode propor.
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Faculdade de Arquitetura de Hogwarts
A grande poção de métodos e processos de arquitetura que a faculdade pode propor.

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Desde que os deuses ou os astronautas nos legaram a arquitetura, a mecânica de sua criação permaneceu inalterada. Primeiro, a prefiguração. Imaginamos o troço todo na cabeça. A seguir, a representação, quando decompomos a ideia em vários desenhos que se complementam para permitir o nosso próprio entendimento e a ação de terceiros envolvidos na construção. Por fim, a execução propriamente dita. Isso sem falar no uso.

Carvão, pena de pato, ponta de metal, lápis, caneta, computador. Os instrumentos foram mudando, mas o processo permaneceu o mesmo. Imaginar, representar e construir. Inventamos as pranchetas eletrônicas, CAD, BIM, nada disso mudou significativamente o mecanismo da invenção arquitetônica, até agora. Eis que surge, então, a modelagem parametrizada de geometrias complexas. Aí o negócio muda de figura pela primeira vez em séculos. As possibilidades de produzir desenhos de superfícies, literalmente, para além da imaginação, subverteram o antigo processo.

Inauguramos uma ferramenta diante da qual, de forma inédita, o “criador” assume postura mais passiva e migra para o terreno da experimentação e escolha. É possível ir deformando e alterando uma superfície até que ela nos conquiste e seduza, quando paramos de apertar os botões e exclamamos maravilhados como um Michelangelo cibernético: “É isso!”, ou “Parla!” ou “Para tudoooo!”.

A imaginação é agora um processo que acontece fora do nosso corpo. O primeiro passo do velho modo de criar foi alterado. Poderíamos pensar que os dois outros não – afinal ainda seria preciso representar para que possa ser construído. Não necessariamente. Os dois seguintes se fundem numa impressora 3D. Saímos da imaginação terceirizada para a construção, direto, pei bufo. Isso é mudança de fato. Testemunhamos, talvez, a reconciliação do ancestral divórcio entre ciência e bruxaria. Um abra cadabra nanomágico. Não há mais nada entre a imaginação da coisa e a coisa. Se isso não é mágica, não sei o que é. Se isso não é ciência, também não sei o que é.

Nesse contexto as escolas de arquitetura preparam seus caldeirões tecnológicos e suas poções. Os estudantes escolhem e desenham suas casas: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. A arquitetura segue seu caminho. Vai ser melhor? Vai ser pior? Não sei. Vai ser diferente. Vocês me contam em suas orações. Eu não estarei mais aqui, afinal sou apenas um trouxa…

Como Citar essa Matéria
MURATORI, Ricardo. Faculdade de Arquitetura de Hogwarts. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 21 de setembro de 2020. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/faculdade-de-arquitetura-de-hogwarts>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]

About Post Author

Ricardo Muratori

Terminei a graduação em 1984. Desde então exerço quase que somente atividade liberal com algumas experiências didáticas como professor substituto e convidado na UFC. Meu interesse maior é pelo desenho da edificação. Por herança de meus mestres carrego o modernismo como norte. Penso que entender de arquitetura é entender da vida. Talvez por isso seja tão difícil praticá-la.
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