Não se preocupe, muita coisa pode (e vai) mudar!
As ideias de como trabalhar com a arquitetura podem mudar com o curso da faculdade e é isso que vale a pena, não acha?
As ideias de como trabalhar com a arquitetura podem mudar com o curso da faculdade e é isso que vale a pena, não acha?
Em uma perspectiva política, o solucionismo tecnológico está intimamente ligado com o neoliberalismo. Se o neoliberalismo é uma ideologia proativa, o solucionismo é reativo.
Nós precisamos estar mais atentos às pessoas do que a arquitetura, elas são peças chaves e temos que observar o comportamento delas dentro dos projetos.
O ensino ambiental deveria estar presente desde a formação inicial, por isso são importantes as ações do GIA.
Desde que os deuses ou os astronautas nos legaram a arquitetura, a mecânica de sua criação permaneceu inalterada. Primeiro, a prefiguração. Imaginamos o troço todo na cabeça. A seguir, a representação, quando decompomos a ideia em vários desenhos que se complementam para permitir o nosso próprio entendimento e a ação de terceiros envolvidos na construção. Por fim, a execução propriamente dita. Isso sem falar no uso.
Carvão, pena de pato, ponta de metal, lápis, caneta, computador. Os instrumentos foram mudando, mas o processo permaneceu o mesmo. Imaginar, representar e construir. Inventamos as pranchetas eletrônicas, CAD, BIM, nada disso mudou significativamente o mecanismo da invenção arquitetônica, até agora. Eis que surge, então, a modelagem parametrizada de geometrias complexas. Aí o negócio muda de figura pela primeira vez em séculos. As possibilidades de produzir desenhos de superfícies, literalmente, para além da imaginação, subverteram o antigo processo.
Inauguramos uma ferramenta diante da qual, de forma inédita, o “criador” assume postura mais passiva e migra para o terreno da experimentação e escolha. É possível ir deformando e alterando uma superfície até que ela nos conquiste e seduza, quando paramos de apertar os botões e exclamamos maravilhados como um Michelangelo cibernético: “É isso!”, ou “Parla!” ou “Para tudoooo!”.
A imaginação é agora um processo que acontece fora do nosso corpo. O primeiro passo do velho modo de criar foi alterado. Poderíamos pensar que os dois outros não – afinal ainda seria preciso representar para que possa ser construído. Não necessariamente. Os dois seguintes se fundem numa impressora 3D. Saímos da imaginação terceirizada para a construção, direto, pei bufo. Isso é mudança de fato. Testemunhamos, talvez, a reconciliação do ancestral divórcio entre ciência e bruxaria. Um abra cadabra nanomágico. Não há mais nada entre a imaginação da coisa e a coisa. Se isso não é mágica, não sei o que é. Se isso não é ciência, também não sei o que é.
Nesse contexto as escolas de arquitetura preparam seus caldeirões tecnológicos e suas poções. Os estudantes escolhem e desenham suas casas: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. A arquitetura segue seu caminho. Vai ser melhor? Vai ser pior? Não sei. Vai ser diferente. Vocês me contam em suas orações. Eu não estarei mais aqui, afinal sou apenas um trouxa…
MURATORI, Ricardo. Faculdade de Arquitetura de Hogwarts. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 21 de setembro de 2020. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/faculdade-de-arquitetura-de-hogwarts>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Average Rating