“Las ciudades son libros que se leen con los pies.” – A sensibilidade necessária aos arquitetos.

Quintín foi um cantor uruguaio, não era arquiteto nem tinha alguma relação mais próxima com o universo da Arquitetura e do Urbanismo como eu tenho e, provavelmente, você também. Esse universo de planejamentos, desenhos técnicos e cafeína. Porém, ao contrário de nós, ele e a maioria da população mundial enxerga tudo o que compõe o nosso universo de formas individuais e simplórias, sem precisar saber a altura ideal de uma calçada, por exemplo, ou que isso possa, de alguma forma, vir a influenciar a vida deles. Além disso, Quintín demonstra, dentro do trecho de uma de suas músicas destacado aqui como título “Las ciudades son libros que se leen com los pies”, que possui uma sensibilidade primordial cada vez mais escassa entre nós, profissionais e futuros profissionais da área.

 

Oficina de literatura e intervenção urbana na Praça dos Leões.Fonte: Acervo pessoal.

Creio que durante toda a graduação, nossos professores e a maioria dos diversos profissionais com quem temos algum contato ao longo desse percurso, sempre nos passam a ideia de que o arquiteto deve ser um explorador de lugares, pessoas, culturas e formas de pensar, de solucionar. O arquiteto é um ser que deve estar em constante mutação, é alguém que precisa conviver com riscos e se adaptar a eles, ou superá-los, é quem precisa praticar aquilo que já prega através de embasamentos teóricos bem elaborados. Ocupar uma rua é mais racional e eficaz do que proclamar aos ares que ocupem as ruas para que elas se tornem mais seguras, certo?

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Arte em uma parede no Benfica. Fonte: Acervo pessoal.
Passeio de bike pelo Centro. Fonte: Acervo pessoal.

Sou interiorana, mudei-me para a capital cearense devido à faculdade e tudo em Fortaleza me acolheu e me fascinou. Foi amor à primeira presença. A cidade me deu um abraço tão forte que se tornou terapêutico transitar sozinha por ela a qualquer hora que me é permitido, seja de ônibus, de bicicleta ou a pé. São tantas cores, tantos cheiros, tantos sons e tanta grandiosidade que as ruas emanam…foi muito fácil e prazeroso me tornar alguém que caminha muito e ama cada metro onde pisa, sem medo algum e sem considerar as vozes que me chamam de insana. Não vou abranger minha íntima relação com o mar para não desfocar, mas como não se apaixonar por Fortaleza? Sempre lamentarei o fato de muitas pessoas se deixarem levar apenas pelos noticiários. A cidade vai além.

 

 

Senhora pintando quadros na Uni7. Fonte: Acervo pessoal.

A parte prática da Arquitetura e do Urbanismo chega em mim através do meu contato direto com as ruas, edificações, histórias e pessoas. Estas, bem distantes de saber o que eu aprendo em sala de aula, como Quintín, são constantes contribuintes no meu aprendizado. Principalmente, na necessidade de saber repassar meus conhecimentos acadêmicos para elas sem os termos “difíceis”. Além de muitas outras situações construtivas. As aulas de campo propostas pelos professores da instituição onde você estuda não são suficientes, elabore suas próprias aulas. Se puder, explore. A vivência, os sentidos e a coragem devem ser considerados tão importantes para a nossa formação quanto os conhecimentos teóricos adquiridos durante o trajeto acadêmico.  

Todavia, a sensibilidade que se faz necessária em um profissional que tem o poder de modificar ambientes e histórias surge da experiência sensorial, podendo, dessa forma, vivenciar todos os âmbitos da palavra “acessibilidade”. Esta, que não se resume à presença de uma rampa, deve ser tratada como o grande pilar para projetar e entender os espaços, as cidades e, principalmente, as pessoas. Do projeto residencial ao urbanístico, é importante existir uma relação íntima entre nós e o nosso universo para que haja coerência entre a teoria e a prática, para que sejamos verdadeiramente bons dentro das responsabilidades que carregamos, sem hipocrisias. Então, leia os espaços com os seus próprios pés

Brenda Maria
Estudante de Arquitetura
Sou Brenda Maria, estudante de Arquitetura e Urbanismo na Uni7, tenho 21 anos, sou amante dos detalhes e da palavra diversidade. Fui direcionada à arquitetura através das mais variadas manifestações artísticas com as quais cresci e sigo crescendo, a arte sempre me é um chão firme. Além disso, meu encantamento por histórias, culturas, meio ambiente e, principalmente, pessoas me prendeu de vez nessa área. Caminho entre traços e laços, tentando unificar opostos e buscar soluções para problemas corriqueiros. Para mim, a arquitetura ultrapassa os rótulos que recebe, é uma área social, afetiva e criativa, acima de qualquer outra característica que possui.

Brenda Maria

Sou Brenda Maria, estudante de Arquitetura e Urbanismo na Uni7, tenho 21 anos, sou amante dos detalhes e da palavra diversidade. Fui direcionada à arquitetura através das mais variadas manifestações artísticas com as quais cresci e sigo crescendo, a arte sempre me é um chão firme. Além disso, meu encantamento por histórias, culturas, meio ambiente e, principalmente, pessoas me prendeu de vez nessa área. Caminho entre traços e laços, tentando unificar opostos e buscar soluções para problemas corriqueiros. Para mim, a arquitetura ultrapassa os rótulos que recebe, é uma área social, afetiva e criativa, acima de qualquer outra característica que possui.

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