O filme antes de Blade Runner
Recentemente, tive um trabalho de faculdade, no qual o tema era a escolha do aluno. Achei incríveis os temas sugeridos aos meus colegas, mas decidi ir fundo em um campo pouco conhecido, mas muito tangenciado: as artes visuais.
Quando digo “artes visuais” estou me referindo ao cinema, aos jogos eletrônicos, às séries, aos desenhos animados. É claro que isso pode ser um trabalho mais específico ao estudante de design gráfico, mas esse debate é para outra hora.
Na minha pesquisa, eu queria descobrir como seria o futuro da arquitetura, e toda vez que eu perguntava, muitos diziam para pesquisar sobre Blade Runner. E realmente, tudo que veio depois de Blade Runner é claramente inspirado ou copiado de lá. Conceitos como “Robôs” ou “Replicantes”, “Androides” e cidades aéreas. Alguns exemplos de inspirações por Blade Runner apresentados na pesquisa foram o desenho animado “Samurai Jack” e a Cidade das Nuvens, no Planeta Bespin no filme “Star Wars V: O Império Contra-Ataca”.
Mas Blade Runner é o auge da popularidade, e não as origens de tais conceitos. Um filme consegue superar Blade Runner por pelo menos 50 anos em seus diversos conceitos de ficção científica, robôs e a divisão social entre os ricos de cima e os pobres de baixo. O nome desse filme de chama “Metrópolis” de Fritz Lang.
Metrópolis é um filme de 1927, desenvolvido pelo alemão Fritz Lang, inspirado diretamente pelo crescimento e futuros projetos de Arranha-céus. Os projetos “Plano Cidade” de Le Corbusier; A Torre Einstein e o livro “Amerika” de Erich Mendelsohn e a “Figura Abstrata” de Oskar Schlemmer influenciaram o filme tamanho que certos elementos são usados até hoje.
O filme se passa em um futuro, com a grande Metrópolis comandada por um Senhor. A grande cidade é mantida graças aos trabalhadores que ficam embaixo, numa espécie de Submundo, onde ninguém pode conversar e muito menos descansar de seu trabalho. É um conceito em que as pessoas da cidade dominam as máquinas, e as máquinas dominam as pessoas do Submundo.
O filho do Senhor, descobre um dia que o Submundo existe, e fica apavorado com o que aconteceu. Ele pergunta a seu Pai, o Senhor me Metrópolis, aonde estão as mãos que ergueram essa cidade. E o Pai nada responde.
Além desse enredo entre o Pai e o filho sobre as pessoas que estão em Metrópolis e os trabalhadores que vivem debaixo de Metrópolis, algumas histórias paralelas acontecem, sendo a mais importante um cientista que tenta reviver a mulher morta do Senhor de Metrópolis no corpo de um robô. E esse robô se parece muito com o C-3PO, um androide do universo “Star Wars”.
Quando o filme foi lançado, recebeu diversas críticas, principalmente negativas. Seu retorno foi menos de 2% do orçamento, e o filme original não existe mais. Porém, graças a um pequeno museu na Argentina, o filme pôde ser reconstruído através de trechos do museu e de outros trechos encontrados arquivados em outros países.
Hoje, 95% do filme está completo, e ele está disponível no YouTube, em diversas versões de tempo, já que o filme lançou com diferentes cortes em diversos anos. Uma versão em português com 118 minutos (1927) e em inglês com 148 minutos (2010) existem, além de análises e de Making-Of do filme.