Paisagismo Moderno brasileiro
O Paisagismo moderno além do nome de Burle Marx

Paisagismo sempre foi uma área pela qual eu guardei um carinho contido e procuro prestar atenção sempre que posso. Quando começamos a buscar por referências brasileiras, o primeiro nome que aparece é: Burle Marx. Claro! Incontestável. Mas além dele, quem mais?! Essa pergunta me levou a algumas leituras, como este artigo do Dr. Silvio Soares Macedo. Não foi só ele que usei para tentar ilustrar esse post, mas é uma grande ajuda para quem está ainda tateando pelo assunto.

Burle Marx foi um dos pioneiros e um grande nome do paisagismo que começou a se destacar já na década de 1930, quando fez o jardim suspenso do Ministério da Educação e Saúde. Outras obras emblemáticas são os Parques do Flamengo (RJ) e Mangabeiras (BH).  Entretanto, paralelo a Burle Marx, principalmente após os anos 1950, há no Brasil muitos profissionais que também foram responsáveis pela consolidação da arquitetura paisagística moderna, mesmo que de forma mais tímida.

1- Aterro do Flamengo | 2- Mangabeiras – ambos projetos de Burle Marx.

O paisagismo passou por diversas fases assumindo diversas características ao longo dos anos. Já a Arquitetura Paisagística Moderna ousa através de novas formas de uso e organização do espaço urbano, aonde passa-se a inserir o automóvel como premissa para reordenar tecidos urbanos. O espaço livre para a circulação de pedestre ganha novas configurações, fazendo com que o paisagismo se torne mais funcionalista, nacionalista, simples e geométrico.

As etapas do paisagismo moderno brasileiro

Silvio Soares dividiu o Paisagismo Moderno Brasileiro em três etapas, e dentro dessas etapas cita nomes e referências bem legais.

Primeira Etapa

A primeira etapa vai de 1937 a 1950, onde o projeto paisagístico passa gradualmente a fazer parte das de arquitetura moderna. Os espaços livres passam a receber tratamento funcional, simples e tropicalista. O destaque aqui é de Burle Marx que deu início a essa etapa com o jardim suspenso do Ministério da Educação, marcado pelas curvas, movimento, cor e uso de plantas tropicais.  Outra obra de destaque é o complexo da Pampulha.

Enquanto há poucos projetos públicos modernos, estes em sua maioria são da autoria de Roberto Burle Marx, os projetos privados eram muitos e divulgados em revistas, o que criou referenciais para sua popularização e surgimento de novos autores.

Jardim suspenso do Ministério da Educação e Saúde feito por Burle Marx em 1937
Parte do Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte

Mina Klabin é um nome pouco citado na época, mas foi pioneira em paisagismo modernista usando plantas tropicais no Jardim da Residência Santa Cruz. Foi a primeira vez que se teve notícias de cactos sendo usados como plantas ornamentais em 1935.

Jardins da Residência Santa Cruz usando cactos como plantas ornamentais.

Segunda Etapa

Neste período, que vai de 1950 a 1960, a verticalização das cidades brasileiras é consolidada, fazendo com que a produção paisagística se voltasse cada vez mais para as fachadas desses edifícios. Um projeto emblemático dessa época é o Parque do Ibirapuera, que ao contrário do que muitos pensam não é um projeto de Burle Marx, e sim de Otávio Teixeira Mendes.

Vista aérea do Parque Ibirapuera em construção

A primeira obra de Rosa Kliass, três anos depois de sair da faculdade, foi executado nessa época: o Largo dos Mendes, em sua cidade natal São Roque, o que posteriormente lhe rendeu o Prêmio da Prefeitura de São Paulo.

Projeto do Largo do Mendes de Rosa Kliass

Terceira Etapa

Neste período, entre 1960 e 1989, o foco se volta para as áreas recreativas fazendo com que a vegetação divida espaço com equipamentos como playgrounds e piscinas. É aqui também que os poderes municipais passam a se preocupar mais com a gestão de espaços públicos, sobretudo nas grandes cidades. Dois grandes paisagistas aqui são Benedito Abbud e José Tabacow, ambos advindos do escritório de Burle Marx e ainda em atividade.

O Paisagismo Moderno Brasileiro tem importância histórica e seus princípios ainda são empregados na produção paisagística, aliados a novas técnicas e novos nomes. Burle Marx deu só o pontapé inicial em um outro modo de projetar que continua evoluindo.

Como Citar essa Matéria

MARANHÃO, Jade. Paisagismo Moderno brasileiro. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 08 de janeiro de 2018. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/paisagismo-moderno-brasileiro>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Jade Maranhão
Arquiteta e Urbanista
Ariana com ascendente em Câncer e cabeça na lua. Casada, feminista, sem filhos. Muito café e chocolate. Nasceu no século passado com a cabeça no século seguinte.
Facilidade para aprender, planejar e gerir projetos, desenhos manuais, softwares de edição de imagens e playlists animadas. Detalha projetos, faz maquetes eletrônicas, tem a criatividade aguçada, sabe fazer o quadradinho. Odeia goiaba.
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Jade Maranhão

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3 thoughts on “Paisagismo Moderno brasileiro

  • 20/06/2018 em 8:30 pm
    Permalink

    Que resenha maravilhosa!
    Parabéns pelo post, infelizmente muitos alunos da arquitetura não se interessam pelas “historias”, pelo desenvolvimento de todas as ferramentas e métodos de projetar que temos hoje. É aplausível ver uma estudante falando de historia do paisagismo com tanta certeza!
    abraços!

    Resposta
  • 16/05/2023 em 12:42 pm
    Permalink

    Adorei a matéria .Estudo paisagismo e contribuiu demais para minha pesquisa. Muito obrigada! Receba minha admiração. Ana Magalhães

    Resposta

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