Planejamento Urbano no Brasil por Ermínia Maricato
Em “As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias – Planejamento urbano no Brasil” a professora universitária, pesquisadora acadêmica e ativista política Ermínia Maricato fala sobre o descolamento entre as matrizes que fundamentaram o planejamento e a legislação urbana no Brasil, e a realidade socioambiental de nossas cidades, em especial sob o crescimento na ocupação ilegal de favelas.
O texto discorre sobre a maneira em que o urbanismo se desenvolve, trazendo ênfase para os problemas que acontecem até mesmo em seu início, como o desenvolvimento de favelas, o surgimento de conjuntos habitacionais, e a constante atenção destinada aos principais centros e vias das cidades.
“As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias” mostra como as favelas são consideradas invisíveis, como os conjuntos habitacionais embora busquem melhores condições de habitação, não possuem “direito” à cidade, e como desenvolvimento urbano sempre caminha em interesses de certos grupos, sejam grupos privados ou de governantes em que projetos sociais só são desenvolvidos até a parte de interesse econômico isolado, a questão social por muitas vezes não é concretizada como solução.
“Diante da dimensão que está assumindo a “não cidade”, ou a cidade dos excluídos ou favelados., algumas perguntas se impõem: por que a universidade não dá a devida importância a essa realidade? Por que os urbanistas e organismos de planejamento urbano a ignoram, frequentemente? Por que a própria sociedade brasileira não tem consciência dessa situação? Quais são os expedientes que permitem o ocultamento de ocorrência tão grande e palpável? Como algo tão visível permanece quase invisível? Ou, pelo menos, como é que as dimensões desses fatos podem ser formalmente ignoradas pelo Judiciário, pelo Legislativo, pelo Executivo, pelos técnicos, por grande parte da academia, que insistem numa representação que não corresponde à cidade real? ”
Ermínia Maricato
Pelo fato de sempre termos pessoas com interesses pessoais à frente da responsabilidade, não temos uma continuidade em desenvolvimento nos projetos como é relatado no texto de Ermínia Maricato, salvo quando o poder é passado para outros de mesmo partido, porém, sempre defendendo interesses pessoais. A não inclusão de áreas carentes no desenvolvimento das cidades é prejudicial nos pontos de vista ambiental, econômico e de saúde, mas é favorável ao ponto de vista político, e imobiliário, sendo essa uma realidade lucrativa para os “comandantes”, e infelizmente esta é uma realidade que se torna cada vez mais cíclica e cultural.