Projeto Urbano Córrego Antonico

Parte do Programa de Urbanização de Favelas, promovido pela Secretaria de Habitação de São Paulo, o Projeto Urbano Córrego do Antonico está localizado em Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade São Paulo. A comunidade, resultado de uma invasão a um loteamento regular, possui um córrego, Antonico, que se tornou subterrâneo após sucessivas construções que tomaram todo o seu leito.

Infraestrutura urbana, novas habitações e equipamentos sociais são algumas das melhorias que a secretaria busca com o Programa de Urbanização. Desta forma, foram convidados os arquitetos e urbanistas do escritório MMBB Arquitetos para a idealização das obras de reurbanização do córrego.

Após analises da comunidade, o rio foi considerado como uma área de risco para a população moradora do seu entorno, pois com as grandes chuvas de verão a região se torna extremamente alagada, onde muitas vezes há a destruição de inúmeras casas.

Situação atual do Córrego Antonico. Fonte: MMBB Arquitetos.

Prontamente foi compreendido pelos urbanistas que o canal não poderia ser pensado como um córrego tradicional, onde todas as suas atividades seriam realizadas em um só espaço. Com isso, deu-se a ideia para dois canais, onde no canal acima irá abrigar águas seguras para a população e no canal debaixo todo o remanescente. O projeto, além de trabalhar com meios de segurança do córrego para os habitantes, busca criar novas oportunidades de conexão, tanto para os próprios moradores da comunidade quanto em relação da favela e a cidade formal de São Paulo.

Proposta dos dois canais para o Córrego Antonico. Fonte: MMBB Arquitetos.

Uma das preocupações dos urbanistas consiste na não remoção de muitas casas, pois além da perca de identidade da comunidade, as residências, apesar de ainda estarem em construção, estão em ótimas condições. Porém, a remoção é imprescindível para o objetivo do projeto.

E como explica o arquiteto Milton Braga, responsável pelo o projeto: “Isso era muito importante, porque uma favela tem muitas carências, mas, talvez, a maior delas seja por espaço livre”.

 

remoção casas margem córrego.
Marcação das casas retiradas para abertura da margem do córrego. Fonte: MMBB Arquitetos.

Após as remoções houve o alargamento da margem do córrego, resultando em um corredor livre para várias atividades, entretanto, como parte do projeto, uma faixa da beira, que pode variar entre dois e três metros de largura, servirá para a ampliação das residências remanescentes ao local, dinamizando o espaço. Foi trabalhado, também, no projeto o paisagismo da região, onde há algumas áreas verdes que irão acompanhando o percurso do córrego. As novas árvores, além fornecer espaços agradáveis de permanência, servirão como tratamento fixo sanitário e manutenção da qualidade da água do córrego.

ampliação casas remanescentes.
Ampliação e abertura das casas remanescentes. Fonte: MMBB Arquitetos.

Outra estratégia do projeto de urbanização é a criação de praças e espaços públicos com novos mobiliários para o convívio da população em áreas de alargamento e acerca da mobilidade, foi levada em conta a existência das bicicletas como meio de transporte e como o percurso a pé poderia ser realizado sem transtornos.

O projeto urbano que ainda não foi executado não possui um começo e fim muito definido, já que sem trabalho com a comunidade para entender sua dinâmica fica difícil saber se os moradores vão abraçar as alterações no espaço ou se no fim tudo será invadido de acordo com as necessidades de moradia.

A proposta de reurbanização do córrego Antonico, do escritório MMBB Arquitetos, mostra como algumas simples soluções podem modificar a visão do espaço e os desafios de se criar áreas de convívio para comunidades, onde a prioridade do local é servir de moradia. Já com relação à qualidade ambiental, não pode ser esquecido as muitas preocupações que a insalubridade da área traz para a população e que o saneamento básico deve ser um direito à todos.

Aryane Lima
Arquiteta e Urbanista
Arquiteta e urbanista, com uma paixão especial por urbanismo e a troca de experiências. Co-fundadora do Batente, encontrou no projeto a chance de compartilhar seu conhecimento e explorar o impacto das pessoas no espaço urbano. Com uma mente curiosa e cheia de ideias, ela equilibra momentos de diálogo e silêncio em sua abordagem criativa.
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Arquiteta e urbanista, com uma paixão especial por urbanismo e a troca de experiências. Co-fundadora do Batente, encontrou no projeto a chance de compartilhar seu conhecimento e explorar o impacto das pessoas no espaço urbano. Com uma mente curiosa e cheia de ideias, ela equilibra momentos de diálogo e silêncio em sua abordagem criativa.

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