Casa ou lar?
Lições aprendidas na quarentena.

As necessidades rotineiras de dormir, comer, socializar, trabalhar, criar e se exercitar eram comumente sanadas em diferentes ambientes espalhados na cidade. De repente, nos vemos na condição de isolamento em que todas essas atividades precisam acontecer da melhor forma possível dentro do mesmo espaço: a casa.

Inseridos neste ambiente em período integral no contexto da pandemia, várias percepções podem estar sendo despertadas. Questões por vezes ignoradas na correria do dia a dia deixam de ser simples ruídos e passam a gritar: um móvel com cupim, fios espalhados na sala ou ausência de um ambiente de trabalho confortável, além de perceber que aquele lugar já não está esteticamente sintonizado com a atual identidade do morador.

Entretanto, é interessante refletir que para corrigir essas pendências nem sempre a solução está na aquisição de novos produtos ou em seguir a referência instagramável. Nada contra essas possibilidades, mas é possível que a resposta esteja na compreensão das reais necessidades, de topar o desafio de explorar possibilidades com itens já existentes ou até mesmo em aderir à cultura do “faça você mesmo”.

Além de sinônimo de proteção, a casa é lugar de afeição. Nela já se passaram histórias e possivelmente há objetos que remetem a lembranças. Enxergá-la como uma aliada de bem-estar e produtividade pode ajudar a ressignificar e entender o desafio da faxina como um ato de autocuidado. 

Há diversas pesquisas desenvolvendo novas formas de lidar com os espaços públicos/comerciais para adaptar a questão do afastamento social necessário. Cabe aos arquitetos refletirem sobre de que forma os ambientes residenciais irão se adaptar às novas demandas individuais e familiares. 

Muitos pesquisadores apostam em soluções tecnológicas relacionadas a móveis controlados digitalmente e em telas gigantes para aulas fitness em casa. Mas, além disso, quais novas necessidades surgiram nessa rotina de quarentena? Quais atividades, antes realizadas em outro endereço fiscal, percebemos que é possível de atender mais confortável e economicamente dentro do lar? Talvez será primordial ter um home office, aumentar o espaço de armazenamento de comida, destinar um cantinho para cultivo de plantas, criar um altar para praticar a espiritualidade ou simplesmente colocar rodinhas nos móveis para afastar as cadeiras, movimentar o corpo e viver o presente.

Como Citar essa Matéria
ARAGÃO, Alana. Casa ou lar?. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 10 de junho de 2020. Interiores. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/casa-ou-lar. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Alana Aragão
Arquiteta e Urbanista
Alana Aragão acredita no potencial da arte e da educação como ferramentas transformadoras. É graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UNIFOR e é mestranda em planejamento urbano na UFC. Atua como gerente de projeto social no Instituto da Infância.
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Alana Aragão

Alana Aragão acredita no potencial da arte e da educação como ferramentas transformadoras. É graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UNIFOR e é mestranda em planejamento urbano na UFC. Atua como gerente de projeto social no Instituto da Infância.

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