Fazendas Urbanas
Tendência que resgata nossas raízes

O termo agricultura quer dizer “arte de cultivar”. É o conjunto de técnicas concebidas para cultivar a terra a fim de obter produtos dela. Os produtos da agricultura são primariamente os alimentos, contudo, com os avanços nas técnicas e na tecnologia, a agricultura tem servido cada vez mais ao fornecimento de gêneros para a produção de fibras, energia, matéria-prima para roupas, combustível, construções, medicamentos, ferramentas, ornamentação e inúmeras outras finalidades. Esses produtos, bem como os métodos agrícolas utilizados, podem variar de uma parte do mundo para outra.

Porém a agricultura tradicional é uma ocupação perigosa e com riscos particulares que muitas vezes afetam a saúde dos trabalhadores humanos. Tais riscos incluem: exposição a doenças infecciosas como malária e esquistossomas, exposição a produtos químicos tóxicos comumente usados ​​como pesticidas e fungicidas, confrontações com animais selvagens perigosos, como cobras venenosas, e lesões graves que podem ocorrer ao usar equipamentos industriais de grande porte. Considerando que o ambiente agrícola tradicional, principalmente o baseado em corte e queima, contém inevitavelmente esses riscos, a agricultura vertical, por outro lado, reduz alguns desses perigos. Em comparação, há quem afirme que a agricultura vertical causaria muito pouco dano à vida selvagem e permitiria que as terras agrícolas em desuso retornassem ao seu estado pré-agrícola.

Em uma fazenda vertical, além da produção de alimentos e remédios em camadas empilhadas verticalmente, podem ser utilizadas superfícies inclinadas verticalmente e integradas em outras estruturas como edifícios, armazéns e contêineres. Essa prática, pensada principalmente para os grandes centros urbanos, tem sido vista como a tecnologia do futuro para alimentar as próximas gerações. A ideia é utilizar instalações automatizadas com o menor impacto ambiental possível. Porém os que se opõem à técnica afirmam que os custos financeiros não compensam os benefícios. O conceito de fazenda vertical foi criado em 1999 pelo biólogo Dickson Despommier, da Universidade de Columbia, em Nova York. Entretanto, Dickson não foi o primeiro a idealizá-lo, já que em 1979 o físico Cesare Marchetti já havia desenvolvido algo similar. Dickson defende a instalação de fazendas verticais sob o argumento de que a agricultura vertical pode ajudar a reduzir a fome. De acordo com ele, mudar a maneira de usar a terra da forma horizontal para a vertical possibilita a redução da poluição e do uso de energia incorporada nos processos de agricultura.

As técnicas empregadas se resumem basicamente a agricultura de interior e tecnologia de agricultura com controle ambiental, em que todos os fatores ambientais podem ser controlados. Essas instalações utilizam controle artificial da luz, controle ambiental (umidade, temperatura, gases, etc.) e fertirrigação (técnica de aplicar fertilizantes via água de irrigação, difere significativamente da aplicação via solo, em especial por acelerar o ciclo dos nutrientes utilizados). Algumas fazendas verticais usam técnicas semelhantes às estufas, onde o aproveitamento da luz solar natural pode ser complementado com iluminação artificial e otimizado com refletores metálicos. Os defensores deste conceito ressaltam a possibilidade da integração de tecnologias renováveis (painéis solares, turbinas eólicas, sistemas de captura de água, etc.) como um diferencial desse tipo de cultura. A fazenda vertical seria projetada para ser sustentável e permitir que os habitantes das proximidades trabalhem nela. Como exemplo, o arquiteto malaio Ken Yeang propõe que os edifícios de cultivo sejam de uso misto. Yeang propõe que, em vez da agricultura produzida em massa hermeticamente fechada, a vida das plantas deve ser cultivada ao ar livre, em telhados por exemplo. Esta versão da agricultura vertical baseia-se no uso pessoal ou comunitário, em vez da produção em massa. Assim, exigiria menos investimento inicial do que a “fazenda vertical” de Despommier.

Quem se opõem ao conceito de fazenda vertical questionam sua rentabilidade. Pierre Desrochers, professor da Universidade de Toronto, concluiu que as grandes extensões de cultivo das fazendas verticais são apenas uma nova moda do mercado e que as instalações teriam que produzir um lucro considerável para justificar sua existência nas cidades. Um conceito mais simples, em vez de tentar empilhar fazendas, seria apenas cultivar culturas nos telhados de edifícios já existentes, complementa Desrochers. Por outro lado, quem é a favor da instalação de fazendas verticais nas cidades afirma que, ao reduzir os custos de energia necessários para transportar alimentos aos consumidores, as fazendas verticais poderiam aliviar significativamente as mudanças climáticas produzidas pelo excesso de emissão de carbono atmosférico, além de melhorar a qualidade da alimentação das pessoas.

Atualmente, o sistema alimentar faz comida rápida e insalubre, enquanto os produtos frescos estão menos disponíveis e mais caros, incentivando hábitos alimentares ruins. Esses maus hábitos alimentares levam a problemas de saúde como obesidade, doenças cardíacas e diabetes. O aumento da disponibilidade e o menor custo subsequente de produtos frescos encorajariam a alimentação saudável.

A agricultura vertical, utilizada em conjunto com outras tecnologias e práticas socioeconômicas, poderia permitir que as cidades se expandissem, mantendo-se ainda assim como um sistema autônomo. Isso permitiria que grandes centros urbanos pudessem crescer sem destruir áreas de floresta. Além disso, a indústria da agricultura vertical proporcionaria emprego a esses centros urbanos em expansão. Seria também uma forma de ajudar a reduzir o eventual desemprego criado pelo desmantelamento das fazendas tradicionais.

Como Citar essa Matéria
MATOS, Alesson. Fazendas Urbanas. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 31 de setembro de 2020. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/fazendas-urbanas>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Arquiteto Alesson Matos
Arquiteto e Engenheiro
Arquiteto especialista em gereciamento de projetos e sócio-diretor da Alesson Matos Arquitetos. Professor da Unichristus nos cursos de arquitetura e urbanismo, engenharia civil e engenharia de produção. Apaixonado por sua profissão, soma uma experiência de mais de 10 anos em desenvolvimento de projetos de edifícios residenciais, comerciais, industriais, condomínios residenciais, hotéis, loteamentos e praças.
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Arquiteto especialista em gereciamento de projetos e sócio-diretor da Alesson Matos Arquitetos. Professor da Unichristus nos cursos de arquitetura e urbanismo, engenharia civil e engenharia de produção. Apaixonado por sua profissão, soma uma experiência de mais de 10 anos em desenvolvimento de projetos de edifícios residenciais, comerciais, industriais, condomínios residenciais, hotéis, loteamentos e praças.

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