Gente Certa é Gente Aberta

Localizado no centro da cidade, na rua Gonçalves Ledo, o Ateliê Coisas e Mosaicos estava lá de portas abertas para quem quisesse desbravá-lo. Com inquietação e curiosidade, me aproximo e “emburaco” na casa alheia. Logo, ao fim do corredor, vejo Edson Felipe, artista plástico que junto a sua companheira Alessandra Cordeiro, fazem daqueles ambientes um universo de possibilidades e certezas abstratas.

Numa entrevista curta e objetiva, elaboro algumas perguntas pra conhecer melhor o trabalho do casal.  Naquele momento, apenas Edson estava presente, Alessandra se ausentava por motivos de saúde e não pôde participar.  

Francisco Diego: Edson, por você e pela Alessandra, quem são vocês como artista?

Edson Felipe: Acho que eu como artista sou um sonhador que luta pra viver pelo que acredita. Pela arte! Estamos na luta há mais de 16 anos pra levar nossa proposta e acredito que estamos no caminho, seguindo..

Foto: Francisco Diego

FD: Sabemos que o pluralismo do centro da cidade e essa dinâmica urbana é muito rico para quem cria e busca inspirações cotidianamente. A escolha pela implantação do ateliê nessa localização tem alguma relação com esse organismo?

EF: Sim, isso é importante. Mas a princípio, a escolha foi pela necessidade de um espaço maior que pudesse suportar e acolher nossas produções (nesse momento ele lembrava do antigo espaço que não passava de 20 metros quadrados), mas hoje percebemos que nossa localização tem uma forte relação com outros ateliês, detalhe que incentiva cada vez mais nossa produção.

Salas expositoras do ateliê.
Salas expositoras do ateliê. (Foto: Francisco Diego)

FD: De onde surgiu a ideia de trabalhar com mosaico?

EF: O interesse surgiu com um curso básico que fiz. A partir daí já começamos a produzir algumas peças, logo depois enviamos o projeto do ateliê para a prefeitura e financiamos o nosso primeiro espaço, onde passamos 10 anos.

FD: Como você afirmou antes da entrevista, sua relação com o grafite é muito forte, portanto, o envolvimento de suas obras com as ruas acaba sendo inevitável, né?

EF: Sim, a questão do mosaico na rua é um discurso forte na nossa produção. Se você analisar com calma nos livros de arte que citam o mosaico você irá ver apenas a ligação dele com a nobreza, com os palácios, residências clássicas… E a ideia é essa: levar o mosaico pra rua todos conseguem ter alcance.

FD: Quais são suas principais referências?

EF: Salvador Dali, Picasso, Bosch e até alguns artistas do mosaico como Isaiah Zagah.

Restauro do painel “Os estivadores” de Zenon Barreto no Centro de Exportadores do Ceará.
Restauro do painel “Os estivadores” de Zenon Barreto no Centro de Exportadores do Ceará. (Foto: Edson Felipe)
Curso ministrado para os moradores da Cidade 2000, para aplicação de mosaico na identificação das alamedas.
Curso ministrado para os moradores da Cidade 2000, para aplicação de mosaico na identificação das alamedas.

Sem estender muito a conversa/entrevista, finalizo as perguntas e me envolvo no ambiente e aprecio os trabalhos dos mosaicistas. Logo, para a minha surpresa, Alessandra fala algo lá dos fundos da casa, ou melhor, dos fundos do ateliê. Edson, com um tom humorado e tímido diz: já tá boa (saudável). Ela aparece, chega junto e os papos fluem cada vez mais, firmando a ideia que Erasmo Carlos nos passa em sua música: gente certa é gente aberta!  

 

Francisco Diego
Arquiteto e Urbanista
Arquiteto Urbanista membro do Estúdio Andar Plural, com profunda admiração pelo urbanismo em sua explosão de sentidos e afetos. Também é artista plástico e desenhista autodidata desde os 12 anos de idade com diversas experimentações artísticas, como colagens, pinturas e reutilização de fragmentos, e busca na teoria da arte-educação o caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Francisco Diego

Arquiteto Urbanista membro do Estúdio Andar Plural, com profunda admiração pelo urbanismo em sua explosão de sentidos e afetos. Também é artista plástico e desenhista autodidata desde os 12 anos de idade com diversas experimentações artísticas, como colagens, pinturas e reutilização de fragmentos, e busca na teoria da arte-educação o caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional.

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