Projeto de Restauração do Cheonggyecheon
A recuperação do canal Cheonggyecheon, em Seul na Coréia do Sul, exemplifica como a cidade pode modificar suas concepções sobre o desenvolvimento urbano e restaurar, ao seu papel natural, um elemento necessário para a qualidade de vida da população.
Seul cresceu margeando o córrego Cheonggyecheon, que funcionava como dreno para a cidade. Relativamente pequeno, ainda no século 14, o rio percorria por todo o centro da capital, indo de leste ao oeste. Porém, foi com o crescimento de Seul que, em meados dos anos de 1940, ocorreram os primeiros sufocamentos do canal, já retificado neste momento, até o ponto em que toda sua extensão fosse encoberta por uma grande via-expressa.
Com o passar dos anos o desenvolvimento da cidade acarretou vários problemas para a vida urbana, com isso decorreram novas infraestruturas para que atendesse a demanda da época. Um das maiores complicações de Seul, no século XX, se encontrava na mobilidade urbana, ou falta dela, e como esta poderia ser resolvida, foi então que, durante os anos de 1970 que houve o soterramento completo do córrego Cheonggyecheon, para a ampliação da malha viária da cidade, com a construção do que viria a ser um símbolo da industrialização e progresso.
Entretanto, este não foi o único fator que contribuiu para o aterramento do canal, pois era percebido, também, o florescimento de uma área marginalizada ladeando o rio que tinha se tornado, praticamente, em um esgoto a céu aberto.
Com a priorização do automóvel o córrego, agora via-expressa, variava entre 50 a 90 metros de largura, e sua margem passou a ser ocupada por prédios comerciais. Porém, com a transição da cena política para a democracia e a rodovia cada vez mais congestionada, houve muitas críticas pela a falta de segurança e pela grande demanda de manutenção da autoestrada, ficando claro que a avenida era insustentável.
Com isso, em 1999, quando a Câmara Municipal de Seul precisou fechar umas das três artérias rodoviárias da cidade, percebeu-se a diminuição do volume de viagens feitas pela população em automóveis particulares, trazendo a ideia da substituição da avenida como uma possibilidade.
Após muitas discussões e planejamento para a restauração do Cheonggyecheon como um córrego aberto, as obras foram iniciadas em 2002, seguindo as concepções do projeto concebido pelo governo metropolitano de Seul, sob a direção do urbanista e paisagista Yun-Jae Yang, vice-prefeito da cidade.
Na ideia de ajudar Seul a se tornar uma cidade moderna e ecologicamente correta, a prefeitura tomou como prioridade a eliminação da autoestrada, demolindo, assim, os leitos carroçáveis que encobriam o rio e todas as suas vias elevadas. Porém, além de desenterrar o córrego, foi aberto cerca de 20% a mais da sua largura anterior, levando em conta grandes possíveis cheias.
Com a abertura e ampliação do rio, foram introduzidos instalações de artes públicas, espaços para o pedestre, com corredores que variavam em sua forma de cruzar o córrego, a plantação de novas árvores ao longo de toda a sua extensão e implantação de um centro comunitário. Além disso, como uma maneira de otimizar os pequenos negócios realizados na área adjacente ao rio, foram reconfigurados todas as interações entre os pedestres e veículos, modificando seus direitos de passagem.
Mesmo com o alto fluxo de veículos que ocorre na cidade, não houveram descomunais congestionamentos após a retirada da via expressa, pois, apesar da diminuição da área destinada para os automóveis, o governo de Seul forneceu e priorizou as viagens feitas com o transporte público ao centro da capital e rotas secundárias para os motoristas.
Após a restauração do Cheonggyecheon houve uma grande aprovação pública para a nova qualidade ambiental da cidade, sendo a diminuição do efeito de ilha de calor da cidade um dos pontos positivos do projeto.
No entanto, embora toda a aprovação da população, o projeto encontrou dificuldades para a preservação histórica da cidade envolvendo o córrego, pois falharam em localizar artefatos importantes para o patrimônio histórico. Já no quesito ambiental, a restauração não viabilizou a possibilidade de explorar o potencial de tratamento das águas pluviais.
Porém, diante de todos os pontos positivos e negativos pode-se concluir que a restauração do canal Cheonggyecheon é um sucesso da busca da qualidade de vida humana e um exemplo de como o desenvolvimento urbano deve manter laços estreitos com o meio ambiente.
Boa tarde, achei interessantíssimo o trabalho sobre o projeto de Restauração do Cheonggyecheon. Sou a Nathalya, aluna de arquitetura e Urbanismo e no momento estou estudando sobre este projeto, se não for muito incomodo, poderiam compartilhar comigo algum material sobre o tema? Me interesso muito por material cartográfico.
Cordialmente,
Nathalya Santos
Oi Nathalya, que massa seu interesse por esse projeto. Realmente é bem diferente.
Infelizmente não possuo nenhum material cartográfico desse projeto. Vou te disponibilizar alguns links que são bons e a sua bibliografia é bem completa, talvez te ajude.
https://atelie5faufba2017.files.wordpress.com/2017/06/revitalizac3a7c3a3o-do-rio-cheonggyecheon.pdf (Esse é um trabalho de estudantes da FAU-BA que tem muitas informações e a bibliografia está ótima)
https://www.masterambiental.com.br/noticias/cidades-sustentaveis/uma-impressionante-renovacao-urbana-em-seul/ (Essa é uma matéria que explica um pouco sobre a história do projeto e como foi a construção)
Espero que tenha lhe ajudado. Boa sorte na sua busca!