Gramática da Forma

A gramática da forma (do inglês shape grammar) é uma expressão utilizada para sistemas generativos baseados em regras cujas operações irão criar um repertório através da modificação da forma. Complicado de entender? Um pouco, mas nem tanto! Desenvolvida no início da década de 1970 por George Stiny e James Gips, ela baseia-se nos estudos do matemático Emil Post (1943) e na gramática generativa do linguista Noam Chomsky (1975). Uma primeira forma pode resultar em várias outras após transformações, tais como: rotações, espelhamento, adições, subtrações, ampliação, redução, e diversas outras possibilidades. Vejamos o exemplo que Stiny traz no seu livro Shape – talking about seeing and doing:

O objetivo inicial da gramática da forma desenvolvida por Stiny e Gips era sua aplicação na pintura e na escultura (Celani, 2006). Logo percebeu-se que também poderia aplicá-la para a arquitetura. Qual linguagem arquitetônica do projeto? Quais regras e padrões de composição foram utilizados? Muitas vezes não está explícita no processo de projeto a lógica do arquiteto durante a fase de criação.

Estudo de uma obra de Palladio. Fonte: Benros et al (2014)

Para compreender como funciona a gramática da forma e como utilizá-la, precisamos entender a definição de seus elementos (Celani, 2006):

  • Vocabulário das formas: conjunto de formas primitivas que farão parte da gramática.
  • Relações espaciais: definição das combinações espaciais desejadas entre as formas primitivas do vocabulário
  • Regras: estabelece quais transformações as formas primitivas e combinações irão sofrer.
  • Forma inicial que irá iniciar a aplicação das regras
Fonte: Scientific Fields, acesso em 04/04/2019

No mesmo período em que surgiram os primeiros estudos dos sistemas generativos, pesquisas sobre inteligência artificial e computação gráfica também avançavam (Celani, 2008). Assim, a parametrização traz novas possibilidades nos sistemas generativos digitais aplicados à arquitetura. Porém, alguns projetistas têm certo receio em relação ao uso dos computadores na fase de concepção. Ainda há uma crença de que os softwares e aplicativos deveriam ser utilizados apenas para a representação do projeto. Mas essa percepção exclui as várias possibilidades no processo criativo com ferramentas digitais. Por que não utilizar a tecnologia para inovações nos projetos de arquitetura?

Fonte: MSCD, acesso em 04/04/2019  

Links (Youtube)

Shape Grammer 

Programming Architecture (Legendado)

Referências

BENROS, D, DUARTE, P e HANNA, S. 2014 ’The Inference of Generic Housing Rules: A Methodology to Explain and Recreate Palladian Villas, Prairie Houses and Malagueira Houses’, Design Computing and Cognition, p. 439–458

CELANI, M. G. C. Generative design in architecture: history and applications. In: INTERNATIONAL ARCHITECTURE CONFERENCE NEW STRATEGIES, CONTEMPORARY TECHNIQUES, nº.13, 2008, Barcelona. Proceedings ... Esarq UIC, 2008.

CELANI, G.; CYPRIANO, G. G.; VAZ, C. E.A Gramática da Forma como metodologia de análise e síntese em arquitetura. Conexão - Comunicação e Cultura. Caixas do Sul, v. 5, n. 10, p. 181-197, 2006.

VAZ, Eduardo Verzola. O texto do arquiteto. Resenhas Online, São Paulo, ano 05, n. 060.02, Vitruvius, dez. 2006 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.060/3122>.
Kelma Pinheiro
Arquiteta e Urbanista
Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.

Kelma Pinheiro

Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.

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