Como serão as profissões no futuro?
As mudanças são diversas exigindo dos profissionais atualizações constantes

Você já parou para pensar como as profissões estarão daqui a 10, 20, 30, 40 anos? Algumas vão ser mantidas, muitas passarão por extremas mudanças e outras serão extintas, como ocorreu com os Pin Boys. 

Figura 1: Pin boys reorganizando os pinos no jogo de boliche. Fonte, acesso em 31/10/2019.

Se antes a atividade de projeto dispensava algumas centenas ou milhares de horas para a representação e expressão por meio desenhos e maquetes físicas, agora existem softwares e equipamentos que possibilitam a realização de tais atividades de forma muito mais ágil, principalmente para formas com regras complexas. Estamos falamos de maquetes eletrônicas, CAD (desenho auxiliado por computador), parametrizaçãodesign generativo, prototipagem, impressão 3D, realidade virtual e realidade aumentada, etc. Existem perdas nesse processo digitalizado, mas é um tema para um outro texto. 

 Ainda, softwares e aplicativos também podem tornar o usuário leigo cada vez mais autônomo para algumas atividades, como por exemplo o simulador de cores de um fabricante de tintas ou fornecendo requisitos para um algoritmo de design generativo, ou conseguir elaborar um layout básico. Na verdade foi essa plataforma (figura 2) que nos instigou a escrever esse artigo: o que acontecerá com as profissões, por exemplo, a arquitetura e urbanismo neste cenário informatizado? 

Figura 2: plataforma lucidchart.com.

A grande questão diz respeito ao uso da tecnologia, e não o seu desenvolvimento em si. As mudanças são diversas, tanto em desenvolvimento de recursos tecnológicos como em demanda de serviços, sendo cada vez mais exigido dos profissionais a inserção e atualização contínua desses recursos em suas atividades. 

 Nós, humanos, apresentamos habilidades físicas e cognitivas. Conforme Harari (2018) explica, por muito tempo as máquinas ocuparam apenas espaços de trabalhos físicos (substituindo os pin boys, por exemplo). Porém, após o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), esta tem realizado trabalhos cognitivos que podem superar as habilidades humanas (identificar padrões de interação, emoções, tomada de decisão, etc). Veja como a Sophia se sai muito bem em uma entrevista na Arábia Saudita, primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô, ela Sophia ou surpreenda-se com o filme Im Mother (Netflix), figura 3. 

Figura 3: filme I´m Mother. Fonte: Netflix.

A partir dessa perspectiva de viver sempre em adaptação às novas tecnologias, é sempre válido lembrar que as mudanças em uma área de trabalho acarretam mudanças sociais, e não apenas para a profissão em si. Porém, não é mais possível parar o desenvolvimento de recursos tecnológicos no cotidiano, devido também às questões econômicas, políticas e sociais decorrentes.  

E nós, seres humanos, o que faremos? 

Com o que trabalharemos?  

Quais atividades nos restarão? 

Qual será o papel do arquiteto no futuro não tão distante? 

 O trabalho sempre vai mudar. O que deve ser pensado é que existe uma pessoa que passa por essa transição entre gerações. Como é possível desenvolver mecanismos sociais para que ela aprenda uma nova profissão e continue tendo um papel produtivo? Quais as condições que esse profissional tem de refinar sua prática incluindo recursos tecnológicos? Ou, é possível que ele desenvolva uma nova prática a partir da tecnologia? Até quando?  

Visto que os trabalhos mudam ao longo dos anos e as pessoas permanecem precisando de trabalho, Harari (2018) apresenta um caminho: a perspectiva de que devemos desenvolver mecanismos sociais para cuidar das pessoas que exercem ou costumavam exercer certa profissão, e não do seu trabalho em si. Neste sentido, podemos citar como exemplo o experimento da Finlândia sobre renda mínima universal. Concluímos o texto com uma reflexão do Stephen Hawking. 

 “Se as máquinas produzem tudo o que precisamos, o resultado dependerá de como as coisas são distribuídas. Todos podem desfrutar de uma vida de lazer luxuoso se a riqueza produzida pela máquina for compartilhada, ou a maioria das pessoas pode acabar miseravelmente pobre se os proprietários da máquina fizerem lobby contra a redistribuição da riqueza. Até agora, a tendência parece ser a segunda opção, com a tecnologia gerando uma desigualdade cada vez maior.” 

Stephen Hawking, (livre tradução das autoras) Fonte 

Referências  

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre: L&PM Editores S. A., 2018. ISBN: 978-85-254-3218-6. 

 

Como Citar essa Matéria
PINHEIRO, Kelma; CAMPOS, Monique Andrade. Como serão as profissões no futuro?. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 11 novembro de 2019. Resenha. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/como-serao-as-profissoes-no-futuro/>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Kelma Pinheiro
Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.
Monique Andrade Campos
Psicóloga, CRP 11/06182.
Professora universitária, mestra em ciências do comportamento pela Universidade de Brasília.
Uma curiosa pelas relações humanas em seus diversos contextos, sem abrir mão do raciocínio
científico e que adora
viajar!

Kelma Pinheiro

Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.

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