Brasília: o plano pilotado.
Como se deve comportar uma cidade na contemporaneidade?

Como se deve comportar uma cidade na contemporaneidade em relação a mudanças? Como enquadrar Brasília nessa situação? Afinal as pessoas não estagnaram desde a época de sua construção. Avanços sociais, tecnológicas e sistemáticos ocorreram e ocorrem o tempo todo. A dinâmica é visível. Então, in loco, por que as pessoas aceitam essa situação, por que uma cidade com tanta identidade arquitetônica, não possui ainda uma raiz estabelecida. Sugiro um exercício inicial: escolha três cidades brasileiras, sendo uma delas Brasília, o que de mais característico vem em seus pensamentos em cada uma delas, talvez a cidade de Juscelino Kubitschek seja a que tem a arquitetura acima de tudo e de todos. A capital federal do Brasil foi embasada, literalmente, com fundações que refletem o estilo de uma época, o pensar do ponto de vista de poucos indivíduos, mais precisamente de um seleto grupo de pessoas que participaram da elaboração da Carta de Atenas, documento que surgiu em um dos dez encontros do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), tendo sido o principal produto dessa fase inicial da arquitetura no meio acadêmico, norteada pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier. E por assim dizer estabelece funções básicas pautadas para uma cidade que eram: habitação, trabalho, diversão e circulação; quando setorizadas, como é o caso, torna a cidade vazia, vazia de sons, de passos e de olhares. No entanto, no século XXI, termos, pensamento e ações que passam pela arquitetura, refletem um novo estilo de viver de forma intensificada no que compete ao novo urbanismo, termo este que nasceu no final do século passado. A relação entre o ser humano, a cidade e a natureza tem sido algo que vem se modificando e assim vai contra a forma como Brasília foi construída e que se mantém até hoje.
Espaço público. Fonte: acervo próprio, 2019.
Ao se analisar as distâncias de pontos importantes a serem visitados, como museus, igrejas, templos, estádios, shopping centers, etc, nota-se que muitos destes podem ser feitos caminhando, seja como ponto de partida o setor hoteleiro ou até mesmo as superquadras, organização urbanística idealizada por Lúcio Costa perpendicular ao eixo monumental, local onde se encontram as principais atrações. No entanto, o caminhar não é favorável, não considerando o fator clima, que em Brasília se tem uma importância fisiológica muito importante, mas o principal motivo pelo uso de transportes é devido a cidade ter sido pensada e executada para as máquinas. A questão é como um local que tem pontos focais e pontos de apoio e entretenimento públicos, serem por vezes hostis a convivência das pessoas, já que outrora fora pensado e executado para ser apreciado e servir como modelo para o que viria a seguir, entre outros padrões que se estendem até no morar e também na divisão agressiva do que se tem em cada quadra, sem que haja pluralidade; consegue de fato se manter com uma sociedade que caminha de olho no futuro. Muito se sabe que Brasília nasceu com os preceitos do modernismo do norte ocidental quando que para o mundo este estilo arquitetônico já estava com os dias contados, no entanto como a questão governamental estava acima do viver, aqui foi instalado no meio do cerrado uma maquete viva.  Até quando o distrito federal, embora tombado, permanecerá intacto prevalecendo a arquitetura às pessoas, esta talvez seja uma questão muito mais complexa que parece, afinal não se fala em destruir o patrimônio, mas na fórmula de relacionar o viver contemporâneo em uma malha modernista, esta sim é uma grande questão.

Esta matéria é um resumo do artigo “Brasília: O Plano Pilotado” do Cláudio Félix.

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Como Citar essa Matéria
FÉLIX, Cláudio. Brasília: o plano pilotado. Projeto Batente, Fortaleza - CE, 3 de julho de 2020. Urbanismo. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/brasilia-o-plano-pilotado/>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Cláudio Félix
Arquiteto e Urbanista
Sou um jovem arquiteto e urbanista em busca do envolvimento crítico das relações contemporâneas, busco muitos porquês e enxergo um universo de possibilidades. Atualmente aluno do curso de especialização em Projeto Arquitetônico Contemporâneo: Teoria e Prática pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
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Cláudio Félix

Sou um jovem arquiteto e urbanista em busca do envolvimento crítico das relações contemporâneas, busco muitos porquês e enxergo um universo de possibilidades. Atualmente aluno do curso de especialização em Projeto Arquitetônico Contemporâneo: Teoria e Prática pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

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