Parametrização no processo criativo em Arquitetura e Urbanismo

Os arquitetos e urbanistas têm em mãos uma série de opções para criar e expressar o projeto, dentre elas, o processo de modelo paramétrico. A parametrização traz novas possibilidades aplicadas à arquitetura, com foco em encontrar a forma para o problema de projeto de acordo com premissas e restrições definidas pelo projetista e não apenas representá-la.

Romcy e Cardoso (2019) realizaram uma pesquisa sobre como introduzir o processo  paramétrico no ensino de projeto arquitetônico, dentro de uma perspectiva de que apenas o ensino operacional de plataformas gráficas não é adequado para a aprendizagem em todo  o seu potencial. É necessária uma mudança de paradigma sobre como definir o objeto, e da própria atividade projetual. Cabe ao projetista estabelecer os parâmetros e explorar as alternativas que julgar melhor. Mas o que é parametrização?

O modelo paramétrico é diferente de um modelo tridimensional físico, estático. O  paramétrico é um sistema dinâmico de relações entre objetos (ROMCY e CARDOSO, 2019). O projetista passa a controlar o artefato por meio de atributos que, quando variáveis, permitem alterações automáticas. As figuras 1 e 2 mostram exemplos de formas parametrizadas no software Geogebra e podem ser testadas pelos links:

Figura 1Figura 2

Figura 1: Krzywe paramétrica. Autor: Agata Matuszczak

Figura 2: Vaso paramétrico Fonte: geogebra.comUtilizando algoritmos, a ideia do arquiteto pode ser transmitida em formato de uma linguagem de programação. Os algoritmos são um conjunto de regras que, por meio de uma lógica em sequência e com número finito de etapas, levam à solução de um problema. É a definição detalhada (passo a passo), em linguagem computacional, da solução do problema. Para o projeto, é a descrição da forma, ou seja, do partido arquitetônico (figuras 3 e 4).

 

 

Figura 3: exemplo de algoritmo na arquitetura. Fonte: a autora
Figura 4: Rhinoceros e Grasshopper. Fonte: curvetube.com, acesso em 30/05/2019.

Na computação, o arquiteto estabelece uma relação com o algoritmo de natureza abstrata, intelectual, enquanto nas ferramentas tradicionais de desenho estabelece uma relação física. Não dominar a ferramenta de trabalho significa perder o domínio do potencial criativo (PEREIRA e BACKHEUSER, 2017). Para os métodos tradicionais, o limitador poderia ser, por exemplo, a pouca habilidade com o compasso e, no caso do software, usuários com baixa capacitação no uso dos programas restringem as possibilidades de projeto.

No mundo contemporâneo, as tecnologias digitais passam a participar dos processos decisórios na arquitetura desde as etapas iniciais, onde as incertezas são muitas e existem diversas opções de caminhos a serem tomadas (PEREIRA e BACKHEUSER, 2017). A plena utilização da parametrização trata-se de compreender os processos cognitivos de tomada de decisão humana para aplicá-la na forma de uma linguagem computacional.

 

Referências

PEREIRA, Vinícius Juliani; BACKHEUSER, Luiz Alberto Fresl. A alteridade digital no processo de criação em arquitetura. SIGraDi 2017, XXI Congreso de la Sociedad Ibero-americana de Gráfica Digital. 2017.

ROMCY, N. M. e S., & CARDOSO, D. R. (2019). A introdução da abordagem paramétrica no ensino de projeto arquitetônico: relato de uma experiência. PARC Pesquisa Em Arquitetura E Construção, 10, e019018. https://doi.org/10.20396/parc.v10i0.8652271

 

Kelma Pinheiro
Arquiteta e Urbanista
Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.

Kelma Pinheiro

Arquiteta e Urbanista e professora universitária. Formada pela Universidade Federal do Ceará – UFC, mestre em Construção Civil pela Universidade Federal do Ceará – UFC, com pós-graduação em Gerenciamento de Projetos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e pós-graduação em Projetos de Instalações Prediais pela Universidade de Fortaleza – Unifor.

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