Cadê o Censo que tava aqui?

O Censo Demográfico é uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada dez anos, desde 1872. O último censo data de 2010, logo, um novo censo deveria ter sido realizado em 2020, entretanto, a situação de pandemia causada pelo Coronavírus impossibilitou sua realização, que foi adiada para 2021. A Lei Orçamentária de 2021 foi sancionada recentemente e nela o orçamento original para o Censo Demográfico 2021 sofreu um corte de 88% o que inviabilizou sua realização, de acordo com nota emitida pela direção do IBGE. O adiamento não prevê nova data, deixando diversas incertezas no ar.

O Censo Demográfico é uma das principais ferramentas para se conhecer o povo brasileiro, a sua história, as condições de moradia em que a população vive e a situação socioeconômica das famílias. Como dizia o filósofo e teórico político Edmund Burk: “um povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-la”. O cancelamento do Censo é um ato antidemocrático, pois, na ausência de informações, dados e estatísticas sobre a população, não se tem uma visualização realística dos problemas sociais do país. Isso traz um impacto significativo em diversos aspectos, afeta, por exemplo, a elaboração de políticas públicas nas três esferas do poder, a definição do público-alvo dessas políticas públicas e a execução delas, visto que os dados são usados como parâmetros para determinar os repasses orçamentários para os municípios. As informações obtidas através do Censo demográfico são cruciais para o monitoramento dessas medidas políticas, dando base para análises, reajustes e remodelações das ações governamentais. 

No mapa a seguir temos um exemplo de análise feita a partir dos dados do Censo de 2010 sobre o rendimento médio mensal das famílias em Fortaleza. Fica evidente a enorme concentração de renda nos setores censitários correspondentes aos bairros mais nobres da cidade.

Mapa de concentração de renda de Fortaleza. Fonte: Censo 2010

No atual cenário de pandemia, a obtenção de dados sobre a população se mostra crucial para a definição de planos de vacinação, do grupo de maior risco, de quais são as relações com as condições de moradia e com a infraestrutura do entorno. Logo, a inexistência de dados estatísticos sobre a maior crise sanitária da atualidade traz riscos para a população, principalmente para a parcela mais vulnerável.

Devemos ressaltar que, apesar do cenário pandêmico ainda continuar no Brasil, o IBGE tem ajustado os modos de trabalhar para garantir a saúde e a segurança tanto dos recenseadores como dos indivíduos alvos da pesquisa.

Para aprofundar o tema em questão, recomendamos a leitura do texto feito pelo arquiteto Glaudemias Grangeiro Júnior publicado no portal Datavizbr, que traz debates e questionamentos sobre os diversos impactos que esses cortes nas verbas do IBGE como um todo representam para o planejamento e gestão de políticas públicas.

Como Citar essa Matéria
TARAMELA. Cadê o Censo que tava aqui? . Projeto Batente, Fortaleza - CE, 28 de abril de 2021. Urbanismo. Disponível em: <https://projetobatente.com.br/titulo-cade-o-censo-que-tava-aqui>. Acesso em: [-dia, mês e ano.-]
Taramela
Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos
Atualmente a Taramela está consolidada como uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos, composta por seis arquitetas urbanistas e um arquiteto urbanista, além de contar com colaboradores de áreas como o Direito, Engenharia e Assistência Social. Atua na cidade de Fortaleza, no trabalho pela efetivação do direito à cidade e democratização do acesso ao profissional de arquitetura e urbanismo, a fim de reduzir as desigualdades socioespaciais e promover autonomia e cidadania aos grupos socialmente vulneráveis.

Taramela

Atualmente a Taramela está consolidada como uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos, composta por seis arquitetas urbanistas e um arquiteto urbanista, além de contar com colaboradores de áreas como o Direito, Engenharia e Assistência Social. Atua na cidade de Fortaleza, no trabalho pela efetivação do direito à cidade e democratização do acesso ao profissional de arquitetura e urbanismo, a fim de reduzir as desigualdades socioespaciais e promover autonomia e cidadania aos grupos socialmente vulneráveis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *